ENSAIO SOBRE O AMOR
Por Rodrigo Santana – Domingo, 26 de janeiro de 2020
Num momento de descontração em sala de aula, eu fiz a seguinte pergunta para as minhas alunas: Vocês já encontraram o príncipe encantado? E a resposta foi que as próprias experiências da vida forçaram-na a distinguir a utopia dos contos de fada da realidade. E assim como o véu da inocência das minhas alunas caiu, o meu véu da inocência sobre o amor dos romancistas e dos poetas de todas as épocas também descerrou.
A minha análise atual só foi capaz de livrar apenas um poeta dentre todos os outros por que, a meu ver, a percepção dele no poema: “A Hora do Cansaço” foi tão realista quanto a do filósofo Artur Schopenhauer no capítulo: “Metafísica do Amor” presente na obra: “Dores do Mundo”. Este poeta é Carlos Drummond de Andrade. No poema “A hora do Cansaço” o eu lírico diz que ao cansarmos “rebaixamos o amor ao estado de utilidade”. Então aquele estado de felicidade dos finais dos contos de fadas é impossível por que mais cedo ou mais tarde “As coisas que amamos, as pessoas que amamos […] Começam a esmaecer quando nos cansamos, e todos nos cansamos”.
Vejamos o que o filósofo Artur Schopenhauer no capítulo: “Metafísica do Amor” diz:
“a paixão se baseava sobre a ilusão de uma felicidade pessoal, em proveito da espécie, desde o momento que se paga o tributo à espécie, a ilusão deve dissipar-se. O gênio da espécie que tomara posse do indivíduo, abandona-o de novo à liberdade. Deste modo, recai nos acanhados limites da sua pobreza, e admira-se por ver que após tantos esforços sublimes, heróicos e infinitos, nada lhe resta senão uma satisfação vulgar dos sentidos: contra toda a expectativa, não se encontra mais feliz do que antes. Compreende que foi ludibriado pela vontade da espécie. É portanto regra geral. Teseu uma vez feliz abandona Ariadna. Se a paixão de Petrarca houvesse sido satisfeita, o seu canto teria cessado, como o do pássaro logo que os ovos se encontram dispostos no ninho.
Notemos, de passagem, que a minha metafísica do amor desagradará com certeza aos
enamorados que caíram na armadilha. Se fossem acessíveis à razão, a verdade fundamental que descobri torná-los-ia, mais do que qualquer outra, capazes de vencer o seu amor”.
A parte em negrito da citação termina por gerar o mesmo efeito sentido pelo eu lírico no final do poema: “A Hora do Cansaço” : “Do sonho eterno fica esse gosto acre na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar”. Essas percepções de Drummond e de Schopenhauer estão relacionadas às conclusões alcançadas pelo médium Jan Val Ellam ao revelar que somos apenas cobaias sendo impulsionadas a agir conforme os desígnios da Trimurti Hindu (Bharma, Vishnu e Shiva), pois sendo o universo apenas a manifestação da vontade. Toda força da Natureza é também um efeito da vontade. E essa vontade inconsciente que nos move independe da nossa vontade consciente.
EU SOU Rodrigo Santana Costa e a minha missão é o esclarecimento.