A MAIEUTICA SOCRÁTICA E O COMPORTAMENTO DO SER HUMANO NAS REDES SOCIAIS
Segundo o filósofo Mário Sergio Cortella“A gente não nasce pronto e vai se gastando, a gente nasce não pronto e vai se fazendo”. O problema desse aforismo no comportamento do ser humano nas redes sociais é que para ir se fazendo é necessário praticar a arte de partejurar as ideias provindas dos livros, das revistas digitais, dos vídeos postados nas redes sociais, dos textos postados nas redes sociais. Só que isso exige tempo, isso depende da vontade e você nem sempre vai ganhar dinheiro por ter feito isso, mas se liberta da ilusão que existe nos conceitos e crenças limitantes. Acontece que ao condicionar o estudante brasileiro numa educação de agir sempre pelo “Estímulo-Resposta”, ele não estuda para diminuir a suaignorância. É preciso uma nota pelo estudo, é preciso a promessa de uma viagem no final de ano feita pelos pais, é preciso ser assunto que cai em concursos, vestibulares e ENEM.
A reflexão feita pelo artista Gilberto Gil na música “Cérebro Eletrônico” me gera certa dúvida se realmente a inteligência artificial não é capaz de nos robotizar, pois já temos o hábito de pegar uma notícia pronta, escrever num caderno e entregar ao professor de Redação como se tivesse elaborado uma dissertação com seus próprios argumentos, há também o hábito de compartilhar informações sem perceber o que está nas entrelinhas. Além disso, existe uma preocupação muito grande por parte de alguns formadores de opinião com o“Big Data”. E, talvez, os alertas dos contos da Série “Black Mirror” comecem a deixar de ser uma hipótese exagerada do nosso futuro. No meu ciclo de relação há pessoas que me conhecem apenas pelas redes sociais, mas me tratam como se eu fosse um amigo íntimo e revela informações intimas da sua vida, não que eu esteja me colocando como uma pessoa não confiável. Acontece que antes das redes sociais a gente tinha mais cuidado com quem deveríamos revelar os nossos segredos, em quem deveríamos deixar tirar uma fotografia nossa sem roupa. Qual é a noção que temos hoje do que é público e do que é privado?
Eu penso que o ato de entregar tecnologias como o celular com câmeras, computadores,tabletsetc nas mãos das pessoas sem se preocupar com a forma com que elas iriam lidar com estas ferramentas foi uma atitude irresponsável. Esperar os problemas surgirem para depois punir as pessoas por crimes virtuais só confirma que preferimos “Vigiar e Punir”.
Rodrigo Santana Costaé professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” em verso e prosa.