A Organização Internacional para as Migrações (OIM) lamentou na terça-feira (18) o desaparecimento de mais de 80 venezuelanos que naufragaram em tentativas de atravessar o Mar do Caribe ao longo dos últimos dois meses. De acordo com informações da imprensa, confirmadas por autoridades da Venezuela, três embarcações deixaram a cidade de Aguide rumo a Trinidad e Tobago e Curaçao.
O primeiro barco partiu da costa venezuelana em 23 de abril. O segundo, em 16 de maio. Ambos tinham por destino Trinidad e Tobago. O naufrágio de ambos os veículos deixou 67 desaparecidos. A terceira embarcação, que ia para Curaçao, desapareceu em 8 de junho, junto com 21 venezuelanos que ainda não foram encontrados.
De acordo com relatos dos sobreviventes e dos parentes das vítimas, as viagens foram organizadas por traficantes de migrantes. Esses criminosos aproveitam-se da busca desesperada dos venezuelanos por melhores condições de vida. Os grupos ilegais vendem viagens em embarcações geralmente sobrecarregadas e que são inadequadas ao transporte de passageiros em mar aberto.
Mais de 4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos deixaram o seu país de origem desde 2015. Desse contingente, mais de 110 mil estão morando no Caribe.
“A Organização Internacional para as Migrações lamenta profundamente as mortes e os desaparecimentos de tantos cidadãos da Venezuela”, afirmou o diretor regional da agência da ONU para a América Central, América do Norte e Caribe, Marcelo Pisani.
“Esses incidentes infelizes assinalam as medidas desesperadas que os venezuelanos estão dispostos a tomar para chegar aos seus destinos, inclusive colocando em risco as suas vidas nas mãos dos traficantes.”
O dirigente disse ainda que, “considerando que as redes de contrabando operam em contextos transfronteiriços, faz-se necessário que todos trabalhemos de forma coordenada”. “A cooperação entre os países torna-se essencial para o estabelecimento de uma resposta integral”, acrescentou Pisani.
As rotas marítimas irregulares e os serviços oferecidos pelos contrabandistas colocam os venezuelanos em situações de mais vulnerabilidade, onde podem tornar-se vítimas de abusos e exploração. Os refugiados e migrantes pagam preços altos para os traficantes, mas sem a garantia de qualquer respeito pela sua segurança ou de que conseguirão, de fato, chegar ao destino.
“Atualmente, mais do que nunca, é necessária uma perspectiva regional para lutar contra o contrabando no caso do fluxo misto de venezuelanos. Isso também se reflete muito bem no aumento significativo de fluxos de migratórios em todo o Caribe”, completou o representante regional da OIM.