Ao menos 40 pessoas desapareceram na costa da Líbia no mais recente naufrágio envolvendo barco que transportava refugiados e migrantes para a Europa, informou a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) na terça-feira (27). A organização renovou seu pedido para que os países tomem medidas com o objetivo de salvar vidas.
Cerca de 60 sobreviventes foram resgatados e levados à cidade litorânea Al-Khoms, que fica a 100 km da capital Trípoli. A guarda costeira e pescadores locais realizam operação de resgate desde a manhã de terça-feira.
“Não podemos conceber estas tragédias como inevitáveis”, disse o enviado especial do ACNUR para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel. “A solidariedade precisa se transformar em ações que previnam mortes no mar e a perda de esperança que leva pessoas a arriscar suas vidas.”
Equipes do ACNUR estão prestando ajuda médica e humanitária aos sobreviventes. O naufrágio aconteceu semanas após outro barco afundar, deixando ao menos 150 mortos, no pior incidente do tipo no mar Mediterrâneo este ano. Somando-se à mais recente tragédia, a estimativa é de que cerca de 900 pessoas tenham morrido ao tentar atravessar o Mediterrâneo em 2019.
O ACNUR está pedindo esforços para prevenir mortes no mar, entre eles, o retorno dos navios de busca e resgate da União Europeia. As restrições legais e logísticas impostas a organizações não governamentais no que diz respeito a operações de busca e resgate, tanto marítimas quanto terrestres, também precisam ser revogadas, disse a agência da ONU. Países litorâneos também precisam facilitar, e não impedir, esforços voluntários para prevenir mortes no mar.
Essas medidas precisam ser acompanhadas de um aumento no número de locais de evacuação e reassentamento de refugiados que saem da Líbia.
O naufrágio aconteceu no mesmo dia em que a alta-comissária adjunta do ACNUR, Kelly Clements, visitou a Líbia para avaliar as necessidades humanitárias crescentes do país.
Clements pediu aumento do apoio a pessoas afetadas pela violência, como refugiados e migrantes, e reiterou o pedido do ACNUR para acabar com a detenção arbitrária de pessoas resgatadas no mar e devolvidas à Líbia.
Ela também prometeu o comprometimento do ACNUR em trabalhar com autoridades líbias na criação de alternativas à detenção para os mais de 4800 refugiados e migrantes que estão detidos no país.