Procurador baiano fez a primeira menção a uma eventual candidatura do coordenador da Lava Jato
Por Juliana Almirante
O procurador baiano Vladimir Aras fez a primeira menção a uma eventual candidatura de Deltan Dallagnol, nas mensagens vazadas do Telegram, divulgadas pelo portal The Intercept Brasil ontem (3).
A conversa foi em meados de dezembro de 2016, entre Dallagnol e Aras – que ainda trabalhava em Brasília.
“Vc tem de pensar no Senado”, diz a mensagem de Aras, então chefe da Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República.
No entanto, a resposta de Dallagnol deixou claro que o tema não era novidade nas conversas entre os procuradores. “Obrigada pelo incentivo, mas vejo muitos poréns”, respondeu o coordenador da força tarefa da Lava Jato.
À época, a operação se sentia ameaçada. Dois dias antes, em uma audiência, os advogados de Lula haviam discutido com o então juiz federal Sergio Moro e afirmaram que ele estava atuando como “acusador principal”, e não como magistrado.
Em resposta, a associação de juízes federais publicou nota para repudiar o que chamou de estratégia dos advogados de Lula para afastar Moro da operação. Nesse cenário, Aras sugeriu que Dallagnol buscasse uma vaga no Senado e ocupasse a vaga de políticos que via como “inimigos” da Lava Jato.
“Vc se elege fácil e impede um dos nossos inimigos no Senado: Requiao ou Gleise caem”, rebateu Aras, na mensagem enviada a Dallagnol. O procurador se referiu ao senador Roberto Requião (MDB), que não conseguiu se reeleger em 2018, e a ex-senador Gleisi Hoffmann (PT), eleita deputada federal no ano passado.
No perfil do Twitter, Requião comentou que sentiu nojo da revelação e afirmou que recebia visitas de Aras.
E o tal de Aras, muito simpatico, me visitava no gabinete, enquanto operavam contra minha imagem com insinuações, calúnias, infamias etc, etc…
Me causa nojo!— Roberto Requião (@requiaooficial) September 3, 2019