Homem mascarado e com uniforme militar tentou entrar em sinagoga e efetuou vários disparos em Halle, no leste do país. Polícia prende um suspeito. Ação foi transmitida na internet pelo próprio terrorista.
Pelo menos duas pessoas morreram nesta quarta-feira (09/10) num ataque a tiros próximo de uma sinagoga em Halle, no leste da Alemanha. Um suspeito foi preso, segundo a polícia local, que pediu para que os habitantes permaneçam “em alerta” já que a polícia ainda está à procura de outro possível participante da ação, que teria fugido de carro. Outras duas pessoas ficaram feridas.
O ataque ocorreu no distrito de Paulusviertel, na região norte de Halle, por volta de 12h (7h em Brasília). Imagens mostraram pelo menos um agressor usando um uniforme de combate, máscara e capacete, e carregando várias armas. Segundo a imprensa alemã, o suspeito detido foi identificado com Stephen B., um alemão de 27 anos. Ele fez uma transmissão do ataque ao vivo pela internet com uma câmera instalada sobre o capacete. No vídeo, ele faz comentários contra judeus, imigrantes e feministas e diz não acreditar que o Holocausto aconteceu.
Em março, na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, um supremacista branco que matou 51 pessoas também efetou uma transmissão ao vivo do ataque usando uma câmera instalada sobre o capacete.
https://twitter.com/M_Ziesmann/status/1181902603740942336
Além de efetuar vários disparos, o terrorista lançou uma espécie de explosivo (uma granada ou coquetel molotov) sobre o muro de um cemitério judaico. O agressor ainda tentou entrar em uma sinagoga que fica ao lado do cemitério. No momento, havia cerca de 80 pessoas no interior, mas ele não conseguiu ultrapassar a porta, que estava trancada. Sem conseguir entrar, ele passou a disparar contra pedestres.
Ainda de perto da sinagoga, o terrorista assassinou uma mulher que passava pelo local. Ele também efetuou disparos contra os clientes de uma lanchonete especializada em comida turca, a duas quadras da sinagoga, matando um homem.
A ação ocorre em meio ao Yom Kippur, o feriado religioso mais importante do calendário judaico.
Um vídeo divulgado pela rede MDR mostra um suspeito uniformizado efetuando vários disparos numa rua próxima com o que parece ser um lançador de bombas caseiras. Uma fotografia do agressor também parece indicar que ele estava carregando uma velha submetralhadora soviética da época da Segunda Guerra Mundial.
Além disso, a polícia afirmou que registrou chamadas relatando disparos na cidade de Landsberg, a cerca de 15 quilômetros de Halle.
A companhia ferroviária Deutsche Bahn fechou temporariamente a principal estação da cidade, e a polícia advertiu moradores a ficarem em casa ou procurarem um lugar seguro. Uma escola também foi fechada. Outras cidades da região reforçaram a segurança. A polícia de Dresden, que fica a 150 quilômetros de Halle, mandou agentes para a sinagoga da cidade e a um cemitério judaico.
A polícia da Baviera, estado que faz divisa com a Saxônia-Anhalt, onde fica Halle, informou que realizou nesta manhã uma série de operações de busca e apreensão contra grupos de extrema direita. Uma dessas ações correu no distrito de Mansfeld-Südharz, próximo de Halle. A polícia bávara afirmou não ter encontrado evidências de que o ataque em Halle tenha relação com os grupos alvejados pela operação policial.
Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou através do Twitter que a chefe de governo se mantém informada sobre a situação após o atentado em Halle e que comunica suas “mais profundas condolências” aos parentes das vítimas. “Nossa solidariedade a todas as judias e judeus na festa de Yum Kippur”, escreveu Seibert.
“Antissemitismo e ódio contra estrangeiros não devem ter lugar algum em nossa sociedade”, tuitou o ministro do Exterior alemão, Heiko Maas. Ele acrescentou ser “vergonhoso, ser obrigado a dizer essa frase tão frequentemente na Alemanha”.
O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, afirmou que o ataque provavelmente teve motivo antissemita e está conectado ao extremismo de direita.
JPS/ots