Ator, produtor, diretor e gestor cultural contou bastidores da premiação de “Superoutro”, de Edgard Navarro, no Festival de Gramado
Por Juliana Almirante no dia 06 de Março de 2020 ⋅ 12:51
O ator, produtor, diretor e gestor cultural, Bertrand Duarte, falou, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (6), sobre seu trabalho na coordenação do projeto “Boca de Brasa”, que foi criado na gestão do ex-prefeito Mário Kertész em 1986 e foi relançado em 2013, na gestão de ACM Neto.
“Lançamos esse projeto maravilhoso, que era de prospectar os talentos da cidade. O projeto, para quem não conhece, consista em levar carretas palcos, que ia nos bairros populares. Eu lembro que, na primeira semana, eram quatro carretas e cada uma ia para uma região administrativa. A gente começava a circular a região toda e depois a gente ia cadastrando artistas e tinha um contato anterior, prévio, para você chegar e combinar com líderes locais o evento em si”, detalhou.
Ele destaca que o projeto era importante porque ia buscar talentos nas periferias da capital baiana.
“Você trouxe pessoas que não pensavam só a cultura, que pensavam a cidade, e nisso aí estava o resgate dos valores culturais da cidade. Buscar esses valores na periferia. Porque não? A gente vê que é espantoso o talento musical das pessoas. Dessa coisa natural para a música que as pessoas têm. A gente achava poetas, atores, muita gente que começou subindo a ‘carretinha’ para encenar peças e esquetes e hoje são atores profissionais, que estão aí há anos”, defendeu.
Depois de atuar em peças teatrais em Salvador, o primeiro filme em que atuou foi “Superoutro”, de Edgard Navarro. Ele lembra que foi junto com o diretor para o Festival de Gramado, em 1989, e foram surpreendidos com as premiações. O média-metragem recebeu os prêmios de melhor filme, melhor direção e melhor ator.
“Em Gramado, chegamos com uma lata embaixo do braço, tímidos, e quando rodou o filme, foi um sucesso total. O filme é um média-metragem. Ele (Navarro) ganhou edital para fazer curta, ele fez um média. ‘Superoutro’ se perpetuou como ‘cult’, como formato. Naquela época, filmes de média metragem em festivais eram documentários. E chega o ‘Superoutro’ e surpreende o Festival e arrasta toda a opinião interna e os diretores”, relembra.
O ator estreou na TV Globo com a novela “Renascer” e acumula, até hoje, 14 trabalhos na emissora, além de vários longas-metragens.