Previsão é que o soro seja disponibilizado para a população entre 2021 e 2022, após a aprovação pelos órgãos responsáveis
Por Juliana Rodrigues
Após dez anos de estudos e testes, o Brasil está se preparando para ser o único país do mundo a produzir o soro antiapílico, que age contra múltiplas picadas de abelhas. Segundo a Agência Brasil, ainda neste ano, os pesquisadores responsáveis pelo projeto, Marcelo Abrahão Strauch, do Instituto Vital Brazil (IVB), e Rui Seabra Ferreira Júnior, do Centro de Estudos de Venenos de Animais Peçonhentos (Cevap) da Universidade Estadual Paulista, querem submeter ao Ministério da Saúde e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os relatórios com os resultados positivos alcançados nos ensaios clínicos da primeira fase, que envolveram testes em 20 pessoas mordidas por muitas abelhas.
A terceira fase dos testes vai começar após a aprovação do ministério e da Anvisa e prevê o recrutamento de 150 a 200 pessoas que foram atacadas por um enxame e tiveram múltiplas mordidas de abelhas, atendidas em 32 hospitais pertencentes à rede nacional de pesquisa pública. Caso tudo corra bem nessa fase, a previsão é que o soro seja disponibilizado para a população entre 2021 e 2022. Após os ensaios da fase 3, os resultados serão novamente submetidos à Anvisa, para que o registro do produto possa ser efetuado.
Os resultados das pesquisas farmacológicas com o soro antiapílico serão apresentados por Marcelo Abrahão Strauch no Congresso Mundial de Toxinologia, que será realizado na Argentina, em setembro.
O antídoto brasileiro é inédito. Atualmente, há 45 produtores de soros para animais peçonhentos no mundo, mas nenhum fabrica o soro para envenenamento tóxico por abelhas.