Tim Vickery
A “hora da verdade” está prestes a começar em uma das maiores vitrines de talentos emergentes do futebol, o Campeonato Sul-Americano Sub-20, que está acontecendo no Chile. Quatro nações já estão eliminadas, enquanto outras seis permanecem na disputa pelo título e também por vagas na Copa do Mundo da categoria, que será realizada ainda esse ano.
O hexagonal decisivo começa nesta terça-feira e chega a uma conclusão 12 dias depois, com a rodada final tendo nada mais, nada menos do que o confronto entre Brasil e Argentina, grandes potências do futebol sul-americano, mas que na competição estão longe de se mostrarem mais forte do que os outros times. Essa honra cabe a Equador e Venezuela.
Esses dois estão entre os países menos tradicionais do futebol do continente: o Equador foi disputar a sua primeira Copa do Mundo em 2002, enquanto a Venezuela ainda espera por esse momento histórico. Porém, pelo que foi mostrado no torneio até aqui, tanto equatorianos, quanto venezuelanos, podem ficar bem satisfeitos. Isso porque as equipes foram as únicas a vencer três dos quatro jogos na fase de grupos e foram os que mais marcaram gols até agora.
A Venezuela conseguiu cinco, enquanto o Equador fez oito. E esse bom desempenho não chega a ser uma novidade para os venezuelanos, quando não apenas se classificaram para o Mundial Sub-20, como foram até a final, sendo derrotados pela Inglaterra por 1 a 0 em partida que ficou marcada por um pênalti perdido pelos sul-americanos. O feito foi tão impressionante, que muitos no país já acreditam que essa geração pode levar o país para a Copa do Mundo de 2022, no Catar.
Por sua vez, o caso do Equador destaca o esplêndido trabalho de desenvolvimento de jogadores jovens realizado pelo Independiente del Valle, um minúsculo clube da periferia de Quito, mas que nos últimos anos se especializou na formação de atletas e colhe os frutos disso, já que chegou até a final da Libertadores de 2017. O clube tem cinco jogadores no elenco atual do Equador Sub-20, com os meias Jordan Rezabala e Gonzalo Plata sendo os grandes destaques.
Enquanto isso, todos os outros classificados apresentaram mais dificuldade, incluindo Brasil e Argentina, que conseguiram a vaga ao hexagonal com recordes idênticos: duas vitórias, um empate e uma derrota, com apenas três gols marcados e dois sofridos. Muito pouco para equipes que contam com nove dos dez jogadores mais caros do torneio, segundo o Transfermarkt. O líder entre todos eles é Rodrygo, do Santos e já vendido ao Real Madrid, avaliado em 10 milhões de euros, o dobro do 2º colocado na lista, Lincoln, do Flamengo. Entre os argentinos, os mais valorizados são Thiago Almada (Vélez) e Maximiliano Romero (PSV), também avaliados em 5 milhões de euros.
O único intruso entre os 10 mais caros do torneio e que não é argentino ou brasileiro é Diego Palacios, lateral-esquerdo do Equador e que atualmente atua no Willem II, da Holanda. Seu valor de mercado é de 1 milhão de euros.
Mesmo com todas essas estrelas, a escassez de gols está sendo uma das marcas do Sul-Americano. E alguns motivos explicam isso: o calor do verão chileno, o pouco tempo de recuperação entre os jogos, além é claro da decepcionante qualidade dos jogos. Isso se deve à excessiva organização tática das equipes e também por causa de uma aparente incrível safra de defensores no continente, como o venezuelano Christian Makoun, o colombiano Carlos Cuesta, os uruguaios Bruno Méndez e Sebastián Cáceres e o boliviano Jairo Quinteros.
A segunda fase, porém, é onde a competição realmente fica séria, e muito se espera, além dos jogadores já citados, de Nico Schiappacasse, do Uruguai, Samuel Sosa, da Venezuela e dos equatorianos Alexander Alvarado e Leonardo Campana.
A Colômbia, por mais que mostre firmeza em seu setor defensivo, parece frágil no ataque, marcando apenas dois gols até aqui. O segundo, aliás, foi decisivo, saindo aos 50 minutos do segundo tempo do último jogo da fase de grupos, contra o anfitrião Chile, que foi eliminado.
E se a queda do time da casa pode esvaziar as arquibancadas dos jogos, por outro lado, isso abre ainda mais espaço para os olheiros europeus, acostumados a garimpar novos valores na América do Sul nesse tipo de competição.
Fonte: www.espn.com.br