Caiado rompe com Bolsonaro e diz que presidente não pode ‘lavar as mãos’ por ‘colapso econômico’

Governador de Goiás foi um dos primeiros políticos a apoiar Bolsonaro em sua campanha presidencial

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

Governador de Goiás foi um dos primeiros políticos a apoiar Bolsonaro em sua campanha presidencial



BRASÍLIA – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), rompeu sua aliança com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira após opronunciamento  em rede nacional de rádio e TV , no qual o presidente criticou medidas de contenção ao novo coronavírus adotadas por governadores estaduais. Caiado disse que não pode admitir um presidente “lavar as mãos” e “responsabilizar” outras pessoas por um eventual “colapso” econômico.

Caiado vinha sendo um dos principais aliados de Bolsonaro e foi um dos primeiros entusiastas da candidatura do então deputado federal à Presidência, mas não poupou críticas ao ex-aliado nesta terça-feira. Caiado era visto semanalmente em Brasília e tinha contato direto com o presidente, mas disse que, agora, só irá se comunicar com o governo federal por meios oficiais.

– Fui aliado (de Bolsonaro) durante todo o tempo, mas não posso admitir que venha agora um presidente da República lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso econômico ou uma falência de empregos que amanhã venha a acontecer – afirmou Caiado em entrevista coletiva.

– Falei com o presidente e com mais três governadores ontem e nada disso foi tratado. Como governador da sua base, receber uma matéria que também me diz respeito e como médico que sou pela imprensa, por meio de um comunicado oficial… (agora) falarei com ele também por comunicados oficiais – disse o governador de Goiás.

Em seu pronunciamento na terça-feira, Bolsonaro atacou decisões tomadas por governadores estaduais, entre eles Ronaldo Caiado, que determinaram o fechamento do comércio, a interrupção das aulas e outras medidas para reduzir a circulação de pessoas como maneira de frear o avanço do novo coronavírus. Segundo o presidente, essas medidas poderão ter impacto na economia.

Caiado disse que não é papel de um presidente “jogar a responsabilidade” da crise em outras pessoas.

– Não faz parte da postura de um governante. O estadista tem que ter a coragem de assumir as dificuldades no momento que passa. Se existem falhas na economia, não tente responsabilizar outras pessoas. Assuma sua parcela – disse Caiado.O governador de Goiás disse que irá manter as restrições ao comércio e às atividades escolares impostas por seus decretos ao longo de março e que não irá mudar essas determinações após o pedido feito por Bolsonaro em seu pronunciamento na terça-feira.

Caiado disse que as ações de combate à pandemia em Goiás serão tomadas de acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o corpo técnico do Ministério da Saúde e que, se for preciso, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a Congresso Nacional para manter a autonomia do estado em relação ao assunto.

– Se decisões tiver que tomar junto ao governo federal, eu as tomarei junto ao STF e ao Congresso Nacional – afirmou o governador.

 

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