Ministro defende cooperação e não “tomada” de leitos. Brasil confirma mais de 600 mortes em 24 horas pelo segundo dia seguido e Ministério da Saúde apresenta nova estratégia para testagem da população
Nesta quarta-feira (6), Teich falou pela primeira vez sobre a sugestão das entidades. Disse que seria irresponsável dar uma posição definitiva sobre um tema complexo, que esta não é uma decisão só sobre a Saúde e defendeu uma longa discussão com o setor privado antes de qualquer medida. Enquanto os sistemas de saúde de várias capitais já colapsam e o Brasil sobe para a sexta posição no mundo em óbitos pela covid-19, o ministro disse que o Brasil precisa ser “eficiente o bastante para que o SUS seja capaz de enfrentar a pandemia” e que alguns hospitais privados já oferecem sua estrutura num cenário de ociosidade em algumas unidades da rede particular. “(A fila única) é uma situação que eu tenho que estudar com muito mais cuidado porque tem implicações que vão além deste momento. A gente pode sentar e negociar a contratação de leitos”, defendeu.
Amostragem
Setenta dias após a confirmação do primeiro caso de coronavírus, o Brasil ainda desenha estratégias para tentar mensurar o tamanho da epidemia. Nesta quarta-feira (6), o Secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, anunciou também um novo programa de testagem do coronavírus, que pretende examinar 12% da população brasileira. Segundo Wanderson, 222 unidades de saúde sentinelas que já existem no Brasil passarão a coletar amostras respiratórias para testar todos os pacientes sintomáticos que as procurarem. Até então, os testes em casos leves eram limitados. Além disso, serão implementadas unidades de coleta emergencial em todas as cidades com mais de 500 mil habitantes, capitais e regiões metropolitanas. O IBGE também contribuirá nesse processo, com cálculos para se desenhar o tamanho da pandemia por amostragem.
O secretário também disse que uma parceria público privada com laboratórios ajudará a zerar a fila de testes (que atualmente é de 100.000) nas próximas semanas, o que impactará o número de casos confirmados da doença no país. No momento, o país tem 125.218 casos confirmados de coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde. Esta quarta-feira foi o segundo dia consecutivo que o país registra mais de 600 mortes por dia, mas nem todos óbitos ocorreram nas últimas 24 horas. Há uma defasagem na notificação por conta da fila reprimida de testes.
“Nós vamos zerar a fila de testes. Isso fará com que o número de casos também aumente, porque tem muitos resultados aguardando para serem inseridos no sistema. Em todas as cidades com mais de 500 mil habitantes, capitais e regiões metropolitanas, nós teremos unidades de coletas emergencial. Serão coletadas as amostras de forma rápida. De 24 a 96 horas teremos o resultado para o médico e para o paciente”, explicou Wanderson Oliveira.