COMO A INTERNET ESTÁ CONTRIBUINDO PARA A DISSOLUÇÃO DO CONSERVADORISMO INTERIORANO?
Por Rodrigo Santana Costa – Quinta,16 de janeiro de 2020
No programa: “Conversa com Bial” que teve como convidadas as artistas Ana e Vitória, Pedro Bial fez um comentário sobre Ana e Vitória que é interessante de ser analisado. Ele demonstrou está surpreso com o fato de tanto Ana como Vitória serem do interior, todavia não serem pessoas conservadoras.
É importante salientar que quando foram estabelecidas pelos teóricos da educação as três bases que contribuem para a educação de uma criança, a Internet ainda não existia. Portanto, as bases estabelecidas foram a família, a escola e a televisão, contudo a internet é uma dessas bases educacionais hoje em dia. Sendo que por ela ter possibilitado a democratização do conhecimento e ter possibilitado que a distância física entre pessoas de espaços geográficos afastados fosse superada pela aproximação no ciberespaço, terminou por gerar uma influência mútua nos conceitos dos internautas a ponto de conscientizá-los sobre diversos temas sociais. Portanto a percepção do apresentador Pedro Bial sobre AnaVitória não é um fato isolado e sim o resultado de um novo fenômeno social.
Existe um ditado popular que é muito cabível nessa coluna que é o “tal pai, tal filho”. Sendo que por conta dele, uma mentalidade se instaurou na sociedade que significa que o filho nada mais é que um papagaio do pai, uma miniatura que assina embaixo em tudo aquilo que o pai pensa, diz e faz. O pior dessa mentalidade é que o pai irá revelar para os seus filhos qualidades e defeitos e a ideia de que ele é aquele que deve ser sempre o porta voz da família, se manifesta, muitas vezes, como um autoritarismo que se torna imperceptível para um pai que acredita ser um ser inquestionável. O que contribui para que esse filho tão reprimido em todas as suas analises e reflexões com uma afirmativa “cala a boca que eu sou seu pai!” reproduza o mesmo equívoco para com a sua mulher e filhos no futuro.
Pode ocorrer na leitura dessa matéria um equívoco de interpretação e alguém achar que eu acho que o filho não deve respeitar os pais, mas o que eu quero colocar é que se o pai é de direita, o filho pode ser de esquerda. Se o pai é torcedor do Bahia, o filho pode ser do Vitória. Se o pai é machista, o filho por ter outra concepção pode não assinar embaixo em tudo o que o pai faz com a sua mãe.
Eu já dei aula para um número bastante significativo de adolescentes que vieram das regiões circunvizinhas e posso afirmar sem titubear que é visível que aquela ideia de que o “Jeca Tatu” não é mais a realizada generalizada de quem vem da zona rural. Além disso, o Sistema de Cotas Sociais e o FIES contribuíram muito para essa mudança por conta do acesso ao meio acadêmico. Existe um aforismo do filósofo F. Nietzsche que é uma fatalidade: “ o homem é algo a ser superado”. Eu tenho consciência de que nós temos muito a ensinar aos jovens por meio da experiência de vida, mas eles estão aprendendo muita coisa importante também que deveríamos ouví-los mais e agradecê-los por contribuírem para a diminuição da nossa ignorância sobre todas as questões que eles estão mais a par. Olhar para a internet por esse prisma é mais interessante do que só observar o que há de ruim nela e viver demonizando-a por meio de um saudosismo ilusório que leva aos mais velhos a pensar que todos viveram “os anos dourados”. Acontece que todas as épocas sempre terão coisas boas e ruins, pois nós somos bons e ruins.