Avaliação é que o presidente ‘errou no timing, na forma e no conteúdo’
A frase acima é do líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), que, apesar do rompimento com filhos do presidente em meio ao racha no partido, ainda se considera aliado de Bolsonaro e defende medidas dele no Congresso.
– As manifestações dele são contrárias a tudo que se diz no mundo inteiro. Se ele tiver certo, adiaram a Olimpíada, por causa de uma gripezinha; a Índia colocou em isolamento um bilhão de pessoas, por causa de uma gripezinha; os Estados Unidos suspenderam voo, por causa de uma gripezinha, que só contagia velho, que não afeta ex-atletas. Ou o mundo está errado e o presidente certo. Ou ele está prestando desserviço à nação. Continuo pedindo: acreditem 100% nas declarações do ministro Mandetta e fiquem em casa – diz Olímpio.
Para ele, os últimos pronunciamentos de Bolsonaro lembram o Sai de Baixo, programa da Globo.
– Quando o personagem Caco Antibes, de repente, levantava e gritava: ‘Cala a boca, Magda’. Sintetiza o meu pensamento, com muita tristeza, porque sou aliado de primeira hora dele.
A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Simone Tebet (MS) diz que Bolsonaro “errou no timing, na forma e no conteúdo”.
– Agora, é hora de ficar em casa para salvar vidas. Enquanto isso, estamos votando projetos que liberam dinheiro extra para a saúde e subsídios para as empresas, a fim de proteger os mais vulneráveis e garantir empregos – avalia a senadora.
Para o líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a fala da manhã é “insana”.
– Ele aposta no conflito. Temos de ser firmes e não cair no que ele fala. Tocar o Brasil, apesar dele. Bolsonaro passou de todos os limites da racionalidade, da humanidade. Não é mais um presidente da República. É um candidato a genocida.
Líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), diz que “Bolsonaro falou para outro Brasil”.
– O Brasil que eu vejo é onde as escolas estão fechadas, do comércio que aceitou se trancar para reduzir a curva de contágio. Ele quis comparar com a linha do Trump, mas o Trump fez uma programação para reduzir o “lockdown” pela páscoa. Faltou isso, o Bolsonaro construir com o gabinete de crise dele a ideia de fazer uma volta progressiva. Da forma como foi feita, ele foi contra as orientações do próprio governo – diz o líder.
Líder do MDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP) reforçou a necessidade de seguir orientações do Ministério da Saúde e de especialistas.
— Fiz uma declaração ontem no meu Twitter e a mantenho. Acho que temos que continuar seguindo as orientações do Ministério da Saúde, que são embasadas em técnicos da área e médicos renomados e da Organização Mundial da Saúde. Temos que seguir as orientações daqueles que estudaram a vida inteira para esse tipo de enfrentamento.
Líder do PDT no Senado, Weverton Rocha (MA) diz que “o presidente precisa de parar de fazer política e começar a usar os recursos que foram autorizados pelo Congresso, quando aprovamos o decreto de calamidade pública no Brasil, para socorrer as pessoas e as empresas”.
– O coronavírus é um inimigo real e o presidente tem os instrumentos para combater e salvar vidas. Mas prefere matar pessoas que abrir os cofres públicos – afirma.