Copa América pode reduzir estagnação do número de turistas no país

Megaevento deve fomentar atividades não só do setor terciário, mas também do meio acadêmico brasileiro

Preparação física dos jogardores da seleção brasileira – Foto: Lucas Figueiredo / Divulgação / CBF

Megaevento deve fomentar atividades não só do setor terciário, mas também do meio acadêmico brasileiro


Por Laura Alegre – Editorias: Atualidades, Jornal da USP no Ar, Rádio USP – URL Curta: jornal.usp.br/?p=252730


 

A Copa América é o principal torneio de futebol masculino entre países da América do Sul. Em 2019, o Brasil sedia pela quinta vez esse evento que atrai muitos visitantes estrangeiros. Isso representa uma grande oportunidade de fomentar o setor turístico nacional e influencia na movimentação de outras áreas, como a economia e até mesmo a produção de pesquisas acadêmicas sobre o assunto. O Jornal da USP no Ar conversou com o professor Ricardo Ricci Uvinha, vice-diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, especialista em turismo esportivo, para entender os impactos disso no país.

A principal vantagem de sediar a Copa América é angariar visibilidade para o país com a vinda de turistas. Isso pode significar a retomada do turismo nacional, que passa por uma estagnação. “Dados de 2018 mostram que o Brasil está estagnado no número de 6,6 milhões de turistas visitando o país, o que é muito pouco comparado a outros países, inclusive àqueles que sediam eventos esportivos. Cerca de 60% dos turistas vêm ao país a lazer e 90% deles se mostram muito satisfeitos, ressaltando a hospitalidade brasileira. Porém, só essa reputação não tem sido suficiente para trazer mais turistas para cá”, conta o especialista.

Segundo Uvinha, o Brasil possui infraestrutura para recepcionar um evento desse porte graças aos investimentos feitos anteriormente para outros torneios esportivos: “Houve um ciclo de megaeventos com sede no Brasil, que teve início em 2007 com os Jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro. Desde então, sediamos vários eventos, em especial a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, e a Copa América simboliza um retorno dessas grandes produções”. No entanto, esses espaços são mal aproveitados, considerando os altos gastos que demandaram: apenas cinco estados serão sede da Copa América enquanto outros, onde grandes obras também foram construídas, não terão suas estruturas utilizadas. É o caso de Brasília e o estádio Mané Garrincha.

A manutenção desses espaços é necessária, assim como medidas que estimulem o turismo. Essa é uma ação que depende da ação dos municípios, segundo o especialista: “É importante que as cidades se mobilizem para aproveitar e potencializar a vinda desses turistas. São Paulo, por exemplo, é muito conhecido pelo turismo de negócios, mas a mobilização para a Copa América, o Morumbi e a Arena Corinthians, por exemplo, chama atenção para o lazer e movimenta a rede hoteleira, além de bares e restaurantes.”

A realização da Copa América é resultado de uma parceria entre comitê organizador e responsáveis nos âmbitos municipal, estadual e federal, e essa associação traz resultados positivos para o turismo. Além disso, pode-se ressaltar o papel das universidades nessa questão: megaeventos são relevantes para a produção de pesquisas acadêmicas que analisem não só a organização dos eventos em si, mas também os impactos e legados deixados por eles. “Apesar de todas as críticas feitas a megaeventos sediados no país, principalmente no que se diz respeito aos investimentos massivos, eles são boas oportunidades para o setor acadêmico pesquisar o turismo esportivo, que pode ajudar na elaboração de soluções para potencializar a vinda de turistas para o Brasil”, explica o professor.

A Copa América de 2019 acontece no Brasil entre os dias 14 de junho e 7 de julho, e os jogos acontecerão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador.

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