CORPO
Não é de tinta que são pintadas as ruelas das periferias
Os corpos descartados não é uma instalação na desova de Pirajá
As lágrimas que escorrem são sempre das pobres marias
Sejam nas chacinas dos grandes centros ou na moto preta em Ipirá
Resquícios da mentalidade escravocrata
Filhos de uma puta mãe que nunca foi gentil
Juiz que vende sentença, corruptos de gravata
A justiça nunca foi cega, há seletividade nas leis do Brasil
O fim de corpos do senso comum são notícias banais
As pessoas na sala de jantar estão trancafiadas em seus muros altos
A o lado mais fraco da corda vem desde a genealogia de nossos ancestrais
Somos assaltados todos os dias, mas só a pele preta que é vista nos assaltos
A insensível propagação de corpos mortos nas redes sociais
Na guerra ideológica de Direita e Esquerda se extinguiu a compaixão
A sensação é que retroagimos ao estado de seres irracionais
Que desse caos nasçam estrelas para mudar essa nossa nação.
Rodrigo Santana Costa