Revista Consultor Jurídico
Um caso insólito foi revelado em reportagem da Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (29/8). Uma delegada da Polícia Federal autorizou, sem ter nenhuma decisão judicial, um grampo na Superintendência de Curitiba para averiguar a denúncia de que havia um grupo interno sabotando a operação “lava jato”.
Daniele Gossenheimer Rodrigues, então chefe do NIP (Núcleo de Inteligência Policial) do Paraná, permitiu que o agente Dalmey Fernando Werlang colocasse uma escuta em uma área onde os delegados da PF suspeitos da sabotagem se reuniam para fumar.
O caso vinha há anos sendo investigado internamente de forma sigilosa pela PF. A delegada admitiu ter dado autorização. Sobre ter ignorado a necessidade de decisão judicial, Daniele diz o plano era colocar o grampo e ver se seria possível utilizar.
A delegada não foi punida. O agente Dalmey foi, mas não por ter instalado o grampo, e sim por ter informado “de forma imprópria” a outros policiais federais sobre o grampo.
Daniele afirma que nunca ouviu nenhum áudio obtido com o equipamento. Isso porque Dalmey lhe disse na época que o áudio captado era ininteligível. O microfone foi instalado dentro de uma luz de emergência na escada.
Durante a sindicância, Dalmey admitiu que instalou um grampo, sem autorização judicial, na cela de Alberto Youssef.