Dentro de uma farda escolar existe muitas histórias para contar

Nota-se que muitos planos de aula, trabalhos, dinâmicas e projetos que são desenvolvidos durante o ano letivo nas unidades de ensino voltadas para o público infantil

Foto: Rodrigo Santana

DENTRO DE UMA FARDA ESCOLAR EXISTEM MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR

 (Texto inspirado no relato de Jesser Santana)

 

Nota-se que muitos planos de aula, trabalhos, dinâmicas e projetos que são desenvolvidos durante o ano letivo nas unidades de ensino voltadas para o público infantil para levar o conhecimento para as nossas crianças é de uma riqueza tamanha de narrativas que apresentam um mundo ficcional onde há sempre uma moral da história que educa as crianças sobre o caminho por onde não se deve ir, todavia nada impede que o nivelamento gerado pela homogeneidade do fardamento escolar e a ausência de contato direto com a realidade vivida por estas crianças em suas comunidades faça com que as nossas metodologias de ensino percam a sensibilidade com as histórias destas existências marcadas pelo falta do básico para a sua sobrevivência.

Outro dia um grupo de crianças com características visíveis de vulnerabilidade social de uma unidade de ensino do município de Ipirá, bateu na porta de uma residência pedindo alimentos não perecíveis dizendo se tratar de uma tarefa de uma gincana escolar par ajudar pessoas carentes. É lógico que o fato dos profissionais da educação estimular os alunos à prática da caridade é fundamental para estabelecermos uma sociedade onde o cooperar seja o caminho a ser seguido, pois já somos capazes de perceber que o estímulo ao competir produz a frieza e o egoísmo nos corações humanos cercados pelas ideologias de um Capitalismo Selvagem que tenta justificar o injustificável em relação ao universo das desigualdades sociais.

O que foi colocado por algumas pessoas que contribuíram com a arrecadação de alimentos é que esta arrecadação poderia ser voltada para as famílias destas e outras crianças que apresentam vulnerabilidade social da própria unidade de ensino. Além disso, o ideal seria que essa arrecadação fosse feita de uma maneira em que não houvesse exposição nem das crianças ajudadas e muito menos de seus responsáveis.

Sabe-se que uma parcela bastante significativa de estudantes vai estudar com fome em muitas unidades de ensino do Brasil. Sendo que os casos de improbidade administrativa afetam a distribuição da merenda escolar e o estômago vazio compromete a aprendizagem dos estudantes.

Eu tive uma professora na Universidade Federal da Bahia que fez um relato interessante para ser analisado neste texto. Ela disse que tomou conhecimento do caso de uma criança que entrava na sala de aula de uma escola pública e permanecia de pé mesmo tendo cadeira para sentar. A professora observou a situação é ao invés de discutir com o aluno por ele está se comportando diferente dos demais, teve a brilhante ideia de ao sair da escola fazer uma visita aos pais daquela criança. Ao entrar na residência a professora se deu conta de que não havia cadeira, banco ou sofá. Então ela compreendeu que a criança não ficava em pé por que era indisciplinada, ela apenas refletia na escola a sua realidade social.

 

 

Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” em verso e prosa.

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