“DEUS/ Ó DEUS/ ONDE ESTÁS QUE NÃO RESPONDES?” 

“Viver em paz para morrer em paz – Se você não existisse, que falta faria?

          No livro: “Viver em paz para morrer em paz – Se você não existisse, que falta faria? Do filósofo Mário Sérgio Cortella, tem um texto intitulado “A Graça da Vida” em que no final é contada a seguinte história: “Sobre as decisões divinas, há uma interessante parábola islâmica. Um mestre sufi está meditando quando, de repente, chega um grupo de crianças com um saco de balas. São catorze balas para doze crianças, e elas pedem que o mestre as ajude a reparti-las da maneira mais justa possível. O mestre diz que vai ajudá-las, mas antes pergunta se as crianças querem que ele divida as balas como Deus o faria ou como um humano o faria. Em coro, todos dizem que como Deus. E o mestre então começa: “Cinco para você, duas para você, nenhuma para esse, uma para aquele…”. Essa citação do livro de Cortella me fez lembrar outras duas histórias tão interessante quanto. A primeira é recitada pelo escritor Ariano Suassuna no programa Sangre Latino. Trata-se de um poema do poeta popular Leandro Gomes de Barros chamado: “O Mal e o Sofrimento” que diz: “Se eu conversasse com Deus/Iria lhe perguntar:/Por que é que sofremos tanto/ Quando viemos pra cá?/ Que dívida é essa/ Que a gente tem que morrer pra pagar?/ Perguntaria também/ Como é que ele é feito/ Que não dorme, que não come/ E assim vive satisfeito./ Por que foi que ele não fez/ A gente do mesmo jeito?/Por que existem uns felizes/E outros que sofrem tanto?/ Nascemos do mesmo jeito,/ Moramos no mesmo canto./ Quem foi temperar o choro/ E acabou salgando o pranto?”. A segunda é contada na série: “A História de Deus” com o ator Morgan Freeman no último episódio da primeira temporada intitulado: “O Poder dos Milagres” em que o senhor Alcides Moreno e seu irmão caçula Edgar limpavam janelas num prédio de 47 andares (150 metros) em Manhattan e ao se soltar um dos cabos eles caem e apenas Alcides sobrevive. Foi um milagre de Deus? Mas sob a perspectiva de quem? Sob a perspectiva dos médicos, foi! Mas sob a perspectiva de Alcides foi difícil aceitar essa ideia, pois o seu irmão era um bom homem e mais novo que ele e merecia ter sobrevivido também. Por Alcides não ter tido a concepção egoísta que geralmente temos ao falar sobre “a ação de Deus”. Ele foi o único das três histórias que compreendeu que a nossa ideia sobre a interferência divina é questionável. E é questionável por que ela de fato não existe tal qual a queremos compreender, pois ao existir permite com que a gente insira conceitos de privilégios de uns filhos sobre os outros. E o que as Leis Herméticas que são universais traz é que o que está para um está para todos os outros em qualquer quadrante do universo. Por exemplo a Lei de Causa e Efeito não existe nenhum ser dotado de inteligência que possa escapar a ação dela.  


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Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” em verso e prosa.  

       

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