Diários da Pandemia: Movimenta Caxias (1)
Por Wesley Teixeira
Estamos todos enfrentando esta pandemia. E temos dito que o COVID19 mata, mas a desigualdade acelera o óbito, justamente por ter impacto diferente nas camadas sociais.
Orientações como “Lavem as Mãos” se tornam muito difíceis numa região que não tem água. A Ouvidoria Pública da Defensoria RJ fez uma pesquisa e comprovou ser isto uma realidade do cotidiano das favelas
As favelas são aglomerados urbanos tão densos que, por exemplo, S. João do Meriti tem a maior densidade demográfica da América Latina.
Muitas vezes 6,7 pessoas moram em habitações precárias com apenas um cômodo, e muitas vezes feitas de madeira.
Esta é a realidade encontrada pela Campanha de Solidariedade nas favelas.
Inicialmente estamos fazendo um atendimento emergencial, focado naquelas pessoas que trabalhavam durante o dia para terem o que comer à noite, muitas delas sem direitos trabalhistas.
Embora estejamos nos mobilizando como sociedade civil, por parte do governo a tendência é a necropolítica neoliberal. Um governo das finanças se impondo a um governo para o povo.
O Brasil segue na tendência ultraliberal, com a retirada de direitos, o aumento do desemprego, o limite dos gastos público, o desmonte do ensino público, da previdência social e do SUS, etc…
Qual o impacto disto tudo num momento de coronavírus?
Governos que chegaram ao poder através de fake news e do discurso do ódio, que só pensavam em armas como forma de gerar segurança, não dão conta de combater um vírus e gerar a seguridade social num momento como este.
O investimento público na saúde é fundamental. Termos um sistema público de saúde faz toda diferença ao enfrentar esta pandemia em comparação a outros países, no qual o sistema é privado.
Também devemos pensar na educação como setor estratégico. A universidade é um espaço para ensino, pesquisa e extensão.
Com um papel central na produção de vacinas e nas testagens, como faz a FioCruz, procurando descobrir a cura e tratamentos, baratear a produção de equipamentos, como respiradores, acelerar e diminuir o custo da produção de álcool em gel.
Aqui houve o fechamento das escolas, um lugar onde os alunos também iam para se alimentar. Duque de Caxias tem a primeira escola da América Latina a servir merenda, a escola Armanda Álvaro Alberto.
Com o fechamento das escolas, e a proposta de ensino à distância, como ficará o caso das favelas. Muitas vezes o aluno não tem um celular, quando tem não tem Internet, computador é ainda mais difícil.
O Ensino a Distância não é um ensino que seja para todos. Defendemos que ele exista como complemento, e não como contagem de dias letivos. Além das aulas on-line é necessário aulas de reposição presenciais.
Este é um momento de ações de solidariedade e também de conscientizar a favela de que é importante ficar em casa, ter cuidados de higiene, não dar atenção às fake news.
O que vemos sendo propagado é o discurso da economia acima da vida. É um momento de reafirmar a importância do investimento público para uma sociedade mais segura, para os idosos, para as crianças, para os mais pobres.
Esta é uma doença que impacta o coletivo. Não basta o indivíduo pensar em si só.
É importante que neste momento o governo libere a renda básica cidadã. É muito importante que o governo reserve hotéis para aqueles que não podem ter isolamento social em sua própria casa.
Aqui na Baixada alguns prefeitos não decretaram a quarenta. E tem muitas igrejas funcionando.
Eu sou evangélico. E temos feito uma campanha para os evangélicos ficarem em casa.
Isto é até uma questão de prudência. Jesus nos alerta a sermos prudentes. Quando passaram as pragas pelo Egito Antigo, a orientação dada aos hebreus foi para que eles ficassem em casa, para que pudessem sobreviver aquele momento.
Ficar em casa é uma orientação que temos dado aos nossos irmãos. Porque o Templo somos nós. O Espírito habita em nós, e não em templos erguidos por mão humanas.
Isto é muito importante que seja divulgado na mídia. Temos feito todo um trabalho de conscientização nas igrejas evangélicas.