Dólar supera R$ 4,63, mesmo após duas intervenções do Banco Central no câmbio

Entre as economias emergentes, real é a moeda que mais se desvalorizou frente à divisa dos EUA. Bolsa cai mais de 2%

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Entre as economias emergentes, real é a moeda que mais se desvalorizou frente à divisa dos EUA. Bolsa cai mais de 2%



RIO — O dólar comercial superou novo recorde intradiário nesta quarta-feira, superando o patamar de R$ 4,60. O Banco Central (BC) fez duas atuações extraoridinárias no câmbio, mas elas acabaram não sendo suficientes para segurar a disparada da moeda, que agora é negociada a R$ 4,633, com alta de 1,17%. O Ibovespa (índice de referência da Bolsa de SP) recua 2,01%, aos 105.064 pontos.
O BC ofertou 40 mil contratos de swap cambial (oferta de dólar com compromisso de recompra) nesta sessão. Assim, foram injetados US$ 2 bilhões no mercado brasileiro.

— Ontem mesmo o BC anunciou que faria um leilão nesta quinta-feira. A medida perdeu um pouco de força justamente por conta desse aviso de véspera — pondera Gilmar Lima, economista do BMG. — Mas a atuação do BC não é para definir um patamar de câmbio, é para conter distorções observadas no mercado.

Dentro de uma cesta de 21 moedas de economias emergentes, compilada pela agência Bloomberg, o real é a divisa que mais se desvalorizou frente ao dólar.

Somente neste ano, o retorno da moeda brasileira é negativo em 12,1%. O resultado é pior do que o peso chileno, cuja desvalorização frente ao dólar é de 7,94%, e do peso mexicano, que perdeu 3,11% no período.

Os analistas explicam que os patamares recordes do dólar observados neste pregão estão relacionados tanto a eventos externos, como a emergência global de coronavírus, como a questões internas, como a economia brasileira mais fraca.

— A disseminação e os impactos econômicos globais do coronavírus, junto com indicadores internos apontando para crescimento mais fraco fazem com que o dólar siga essa trajetória de disparada — diz Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.

A Califórnia decretou estado de emergência após ter confirmado uma morte por Covid-19 (doença causada pelo coronavírus). O Japão suspendeu as aulas nas escolas e impôs quarentena a viajantes da China e da Coreia do Sul.

Bandeira aponta que a prespectiva de um novo corte na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que vai se reunir no dia 18, também fazem com que a moeda siga em trajetória de disparada

— O mercado parou de projetar se o BC cortaria ou não ou juros. Agora avalia se o corte na Selic sera de 0,25 ou ,05 ponto percentual daqui a duas semanas. Com juros mais baixos, o carry trade fica menos atraente ainda, fazendo com que investidores externos não venham para cá, ou, quem já está aqui, saia.

Os grandes bancos estão revisando as projeções para Selic neste ano. Na segunda-feira, o Goldman Sachs publicou relatório no qual projeta que os juros brasileiros encerrem o ano em 3,75%. Nesta segunda, Bank of America (BofA) também revisou seus números, e agora projeta juros a 3,5% este ano.

Atualmente, a taxa Selic está em 4,25% ao ano, piso histórico para o indicador.

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