Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo 52 (mês de setembro 2018)(atraso de um ano e 4 meses) (um por mês)
Com todo direito que tem um guerreiro, que pensa muito em resolver os problemas de sua comunidade, o prefeito Marcelão descansava e aproveitava o seu fim de expediente semanal.
De bermuda, sentado em sua espreguiçadeira, chamou a sua secretária do lar:
– Oh, Maria! Traga-me uma cerveja estupidamente gelada, daquele pacote que o meu amigo Matadouro de Ipirá trouxe de Belo Horizonte e ofertou-me de presente, uma prova de que tenho amigo de fé e de grande consideração nessa terra.
– Prefeito Marcelão! Num sei não, se eu fosse o senhor, eu parava de beber cerveja, principalmente, as fabricadas em Belo Horizonte.
– Oxente, minha secretária do lar! Ninguém vai proibir-me de tomar uma geladíssima que desce redonda e, principalmente, quando se trata de um presente de um amigo querido e sincero como o Matadouro de Ipirá e na base do zero oitocentos.
– Prefeito Marcelão! Eu não ia lhe dizer não, mas diante da teimosia do senhor em tomar cerveja e ser candidato, eu tenho que dizer: o senhor vai ter que escolher, ou bebe ou é candidato, porque os dois não dá certo.
– Não dá certo o que, minha secretária do lar? Traga logo essa cerveja de Belo Horizonte que eu estou com sede.
– Prefeito Marcelão! Eu fui fazer uma consulta num terreiro e seu Vardomiro, lá da Baixa Grande, disse que sua situação não é nada boa, mandou eu botá um pedido na boca de um sapo e eu fiz isso com o sapo cururu que fica aqui no jardim de sua casa e o resultado não foi nada bom. O sapo cururu estava com sede e eu atochei um copo dessa cerveja de Belo Horizonte na boca do sapo cururu e o sapo cururu morreu.
O prefeito Marcelão tomou aquele susto, justamente no momento em que o jornal televisivo anunciou a morte de quatro pessoas por causa de terem bebido cerveja fabricada em Belo Horizonte:
– Obrigado, minha secretária do lar! Agradeço a sua pessoa, por ser uma pessoa que só quer o meu bem e quer que eu continue prefeito nessa terra. Eu ia beber uma cerveja alterada trazida por um mequetrefe, chamado Matadouro de Ipirá, que faz de tudo para eu não ser candidato, porque ele sabe que esse matadouro vai funcionar no meu segundo mandato. Oh, Maria! Pegue essa cerveja e saia por aí atochando na boca de sapo, cobra, jacaré e macaco, principalmente, macaco; não deixe um macaco sem tomar um gole dessa cerveja, mas antes, traga-me aquele churrasco com carne de boi abatido no Matadouro de Ipirá.
– O que prefeito Marcelão? Esse Matadouro de Ipirá nunca abateu uma lagartixa, imagine um boi! E quem mais sabe disso é o senhor, prefeito Marcelão! O lombo e o filé que tem aí na geladeira de sua casa vieram da China, foi aquela compra que o senhor fez pela Internet ou não se lembra disso?
– Ora, minha secretária do lar! É isso que você e o povo dessa terra não quer compreender, raciocine comigo: por que o preço da carne de boi subiu em Ipirá? Porque o Brasil está exportando carne para a China. Quem vende carne para a China? Os frigoríficos. Quem abate para os frigoríficos? Os matadouros. E o que é que Ipirá tem? Um matadouro. Então, para o bom entendedor, a carne que eu comprei na China foi abatida no Matadouro de Ipirá. Sacou o lance?
– É prefeito Marcelão! É uma ingrisilha que só o senhor entende, pra lhe dizer a verdade, eu não tenho mais tutano prá entender essas sabedoria que o senhor tem de sobra.
– Não, minha secretária do lar! Quando eu coloco uma placa de obra, é que a obra já existe; quando eu toco foguete pra assinar a ordem de serviço, é que a obra já está pronta; a população tem que pensar de forma positiva, prá frente, isso faz parte de uma administração moderna como a que eu faço, pensando no futuro. Quando eu digo a Praça do Barão vai ser uma réplica de uma Praça de Milão, é porque vai; quando eu digo, o Matadouro de Ipirá vai funcionar, vai mesmo, a população pode deitar, sonhar e esperar, que vai mesmo. Se eu for reeleito, aí é que vai ser coisa.
O Matadouro de Ipirá, deitado em berço esplêndido, quieto, sem fazer nada, sem ter matado um bengo sequer, mantinha-se pensativo: “Nesta altura do campeonato, o prefeito Marcelão já havia engolido uns dois lotes daquela cerveja de Belo Horizonte e já tinha batido as botas, só estava faltando o carro de som da funerária anunciar o horário do enterro.”
O Matadouro de Ipirá estava ansioso, aguardando aquele anúncio que estava demorando e ele pensava: “agora sim, ele tinha uma morte nas costas! Ele era o culpado direto pela morte do prefeito e imaginava a manchete dos sites locais: ‘MATADOURO MATA PREFEITO’ e o povo comentando: “Até que enfim esse matadouro serviu para alguma coisa, agora ele foi inaugurado”.
O Matadouro de Ipirá acordou de suas elucubrações ao ouvir a musiquinha fúnebre do carro de som e correu para a porta da rua. O carro noticioso da funerária se aproximava e o matadouro ouviu a nota: “O prefeito Marcelão, de nossa terra, tem a difícil e dolorosa missão de anunciar o falecimento do sapo cururu que vivia no jardim de sua residência, que foi vítima de sabotagem ao tomar um gole de cerveja.” O Matadouro de Ipirá não entendeu nada, mas que lá ele tinha uma morte nas costas, lá isso ele tinha.
Suspense: Veja que situação: a novelinha tá de correria, querendo chegar ao mês de fevereiro 20 sem nenhum capítulo em atraso. Um matadouro querendo ser obra e um prefeito querendo não ter problema! Onde vai parar uma desgraça dessa? O que é que eu tenho a ver com o desentendimento do prefeito Marcelão com o matadouro?
O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.
Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.