Em pronunciamento, Bolsonaro volta a citar OMS para defender retorno ao trabalho

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a usar fala descontextualizada do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) em pronunciamento em rede nacional nesta terça-feira (31).

JAIR BOLSONARO (FOTO: ALAN SANTOS/PR)
Anna Satie e Guilherme Venaglia da CNN, em São Paulo
31 de Março de 2020 às 20:09 | Atualizado 31 de Março de 2020 às 20:32

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a usar fala descontextualizada do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) em pronunciamento em rede nacional nesta terça-feira (31).

A fala foi acompanhada por panelaços em várias cidades do país.

Mais cedo, ele já havia distorcido a fala de Tedros Ghebreyesus a apoiadores na porta do Palácio do Planalto, dizendo que o diretor havia recomendado que as pessoas voltem ao trabalho. “O que ele disse? Praticamente que, em especial, os informais têm que trabalhar”, declarou o presidente.

Tedros foi ao Twitter reforçar que a orientação do órgão é pelo isolamento e que os governos devem garantir assistência aos mais pobres neste momento. Ele ressaltou que pessoas sem rendas regulares ou reservas financeiras merecem políticas públicas que lhes garantam a dignidade e a possibilidade de cumprir as medidas aplicadas pelos especialistas em saúde.

Bolsonaro disse que replicou a fala para destacar que, desde o início, sua preocupação é com as parcelas mais vulneráveis da sociedade.

Tom mais brando

Em tom mais brando do que no pronunciamento da semana anterior, Bolsonaro chamou o coronavírus de “maior desafio da nossa geração”.

Ele também recuou no discurso da hidroxicloroquina. O presidente, que vinha enfatizando o medicamento como a cura para o novo coronavírus, afirmou que “o vírus é uma realidade, ainda não existe cura ou vacina comprovada”, ponderando que “a hidroxicloroquina parece bastante eficaz”.

O presidente também citou a necessidade de união entre os poderes e as autoridades estaduais e muncipais em “um grande pacto pela preservação da vida”.

Durante o discurso, Bolsonaro também citou as medidas já tomadas pelo governo para amparar a população diante da pandemia, como o coronavoucher.

Nesta tarde, o presidente havia dito que irá sancionar o apoio emergencial de R$ 600 “o mais rápido possível”, mas não estabeleceu prazo. “Estamos correndo atrás porque tem vetos que precisam ser justificados”, disse. A medida foi aprovada no Senado nesta segunda (30).

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