Estados amazônicos anunciam parceria com França, ignorando governo Bolsonaro

A informação foi divulgada na COP-25 pelo líder do consórcio dos nove estados da Amazônia Legal, Waldez Góes (PDT), governador do Amapá

Queimadas tomam conta de Altamira, no Pará. Foto: JOAO LAET / AFP
A informação foi divulgada na COP-25 pelo líder do consórcio dos nove estados da Amazônia Legal, Waldez Góes (PDT), governador do Amapá

MADRI — A França e o grupo de nove estados brasileiros planejam anunciar uma parceria para preservar a floresta amazônica , disse nesta segunda-feira o líder do bloco da Amazônia Legal , o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT). A decisão ignora o governo Bolsonaro , que, ao longo deste ano, acumulou desavenças com a França no tópico meio ambiente .

Góes disse à Reuters que o anúncio virá esta semana durante a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-25 , que acontece em Madri. Entre outras iniciativas, a parceria incluiria a redução da emissão de gases de efeito estufa.

Ele informou ainda que os nove estados brasileiros anunciariam o mecanismo nesta terça para permitir que os países contribuam diretamente com projetos estaduais de preservação da Amazônia. E disse que já abordou inúmeras nações europeias em busca de financiamento para esses esforços.

A parceria de intenções com a França poderia preparar o terreno para o país fornecer um eventual apoio financeiro aos projetos ambientais dos estados, continuou. No entanto, Góes acrescentou, não estava claro ainda se as conversas vão avançar durante a COP-25 a ponto de haver uma cifra a ser anunciada.

Um porta-voz da delegação francesa na conferência climática não quis comentar de imediato as informações.

Embate entre Macron e Bolsonaro

As queimadas na porção brasileira da floresta, que compreende 60% de seu território e é vista como peça fundamental contra as mudanças climáticas , começaram em agosto deste ano e foram as maiores registradas desde 2010 . O fogo generalizado provocou uma grita mundial contra o governo brasileiro, que não estaria fazendo o suficiente para proteger sua floresta.

O presidente francês, Emmanuel Macron , reivindicou ações urgentes do governo brasileiro para conter os incêndios, o que disparou uma troca de acusações verbais com o presidente Bolsonaro .

Macron acusou Bolsonaro de mentir para os líderes mundiais sobre o compromisso do Brasil para preservar o meio ambiente. Em determinado momento das disputas, Bolsonaro chegou a insultar a primeira-dama francesa e disse que só aceitaria a ajuda de US$ 20 milhões proposta pelos países do G7 se Macron retirasse seus “insultos”.

Por seu turno, Macron disse que as mulheres brasileiras deveriam se envergonhar de Bolsonaro e afirmou que o presidente brasileiro não estava “à altura” do cargo.

Ambientalistas culpam Bolsonaro pelo desmatamento da Amazônia, que atingiu um recorde em 11 anos, alegando que ele priorizou o desenvolvimento econômico em detrimento da conservação da floresta.

— O presidente brasileiro tem como agenda oficial a exploração da Amazônia — disse Nara Baré, uma liderança indígena, durante um protesto na cúpula climática de Madri, que se encerra nesta sexta.

Bolsonaro disse que a imprensa tratou com sensacionalismo as queimadas na Amazônia, além de ter demonizado a sua figura.

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