A Arábia Saudita, que começou a bombardear o Iêmen em 2015, trocou as bombas pela fome
Nesta edição da coluna Conflito e Diálogo, a professora Marília Fiorillo fala sobre a situação do Iêmen, que há quase quatro anos está sob ataque da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. Só agora, no entanto, a comunidade internacional parece ter se dado conta da gravidade da situação, tanto que teve início esta semana uma rodada de paz patrocinada pela ONU em uma pequena cidade sueca. “A ironia é que a comunidade internacional acordou para a guerra esquecida no Iêmen graças ao assassinato do jornalista Khashoggi, que continua nas manchetes”, diz a colunista.
Seja como for, Alemanha, Dinamarca e Holanda decidiram suspender o envio de armas aos sauditas, e até o Senado americano estuda sanções contra seus aliados sauditas. Ninguém acredita em um acordo de paz, mas essas ações podem constituir o primeiro passo para a redução das hostilidades e da implantação de medidas para conter a devastação do Iêmen, que não enfrenta o poder destrutivo das bombas, mas sim a morte lenta causada pela fome, como resultado do bloqueio imposto pela Arábia Saudita, por mar e ar, ao acesso a qualquer ajuda humanitária. A população iemenita não pode contar com comida, remédios ou água potável.
Moral da história: em pleno século 21, é a fome a principal arma da Arábia Saudita contra o Iêmen. Talvez isso explique por que, dos aproximadamente 28 milhões de habitantes daquele país, 8 milhões já estejam condenados e 14 milhões em risco extremo.