A espinha dorsal do enredo da Grande Rio foi a falta de educação do brasileiro e pecou fortemente ao apontar nossos maiores defeitos com o mesmo olhar provinciano de quando Fernando Henrique Cardoso (FHC) afirmou na Europa, que os brasileiros são caipiras. Se observarmos a abordagem do desfile da Grande Rio, FHC teria razão e, pior, poderia dizer que esse tipo de brasileiro também tem síndrome de vira-latas.
Com a missão de criticar os comportamentos mais detestáveis do brasileiro, os carros abordaram a falta de educação mais simples, como não dar lugar aos mais velhos, em conduções lotadas, aos comportamentos de arrogância no trânsito. Porém, causou estranheza ao falar, não só deseducação mas, da educação e, foi aí, que falhou feio.
Criticou o comportamento nas redes sociais mas, acabou por abraçar a pior corrente de comportamentos políticos, o conservador e o reacionário. Com a bateria vestindo uniforme camuflado do exército e apontando os “profetas” religiosos, como Moisés, como sendo educadores, adotou a pior corrente de pensamento educacional. O resultado, não poderia ser diferente, nas alas em que fala de educação, abordou Galileu mas, não falou do patrono da educação brasileira, Paulo Freire.
Vale ressaltar que a falta do educador considerado o mais importante do século XX e o segundo cientista social mais citado no mundo, não só é uma gafe mas, foi uma falta que prejudicou profundamente o conteúdo do enredo. Para se ter uma ideia, o discurso de “paz e amor”, não se sustenta na realidade do desfile da Grande Rio, uma vez que a exclusão do maior educador brasileiro, autor de Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia, falou mais do amor que da tecnicidade da educação.
A falta de Paulo Freire não deve ter sido um esquecimento mas, a escolha por desfile sem polêmica e ato de covardia. Falar de educação e não falar de um dos maiores educadores do planeta e o maior do Brasil, não pode ser uma falha mas, só explica pela intensão ideológica de um vazio mental e civilizacional, ou da direção da Grande Rio ou do sambista. Lastimável.
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