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O candidato derrotado nas eleições presidenciais da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, apresentou, este sábado, um conjunto de elementos para ilustrar o que diz serem irregularidades no apuramento dos resultados. O candidato do PAIGC impugnou os resultados eleitorais, na sexta-feira, no Supremo Tribunal de Justiça. Em Paris, militantes do Madem G-15 festejaram, hoje, a vitória de Umaro Sissoko Embaló.
Em conferência de imprensa, este sábado, Domingos Simões Pereira, disse que a transparência e a justiça não estão comprovadas no registo de votos expressos nas actas. Simões Pereira apresentou um conjunto de elementos para ilustrar o que diz serem irregularidades no apuramento dos resultados, nomeadamente números de votantes a mais, carimbos da Comissão Nacional de Eleições diferenciados para autenticar actas de apuramento de resultados nas mesas de votação, interferência de entidades fora do processo eleitoral, entre outras anomalias.
“A democracia anda em paralelo com a transparência e a justiça, que não estão comprovadas em relação ao registo dos votos expressos nas actas das assembleias de voto e muito menos na transposição das actas síntese para os quadros informáticos em tratamento. Por isso, o recurso judicial, esperando que as instâncias competentes deem a conhecer ao povo e à nação guineense a garantia de quem de facto mereceu a preferência dos guineenses para presidir ao seu destino nos próximos cinco anos“, afirmou.
O líder do PAIGC denunciou que um apoiante de um candidato fez campanha eleitoral no dia da votação junto às assembleias de voto, com a distribuição de dinheiro e acompanhado de homens armados.
Agora a palavra cabe ao Supremo Tribunal de Justiça, nas vestes de Tribunal Constitucional, embora vários juristas ouvidos pela RFI tenham poucas esperanças em como a petição apresentada por Simões Pereira venha a ter um acolhimento favorável.
A conferência de imprensa acontece um dia depois de Domingos Simões Pereira ter submetido ao Supremo Tribunal de Justiça a impugnação dos resultados eleitorais de 29 de Dezembro, com base em alegadas provas de fraude.
O candidato do PAIGC também deu “uma palavra à comunidade internacional pelo acompanhamento que tem assegurado a situação política do país, nomeadamente às missões de observação eleitoral que obviamente contribuem para um ambiente mais apaziguado e seguro do escrutínio”. Porém, afirmou que “certamente não têm como certificar a correção detalhada dos dados que são apurados e tratados“.
Domingos Simões Pereira também enalteceu “o comportamento globalmente irrepreensível das forças de defesa e segurança que se mantiveram à margem do processo enquanto instituição, mas que devem proceder a um apuramento e responsabilização dos incidentes ocorridos e registados para contínua moralização e disciplina do serviço nobre que prestam à nação”.
Segundo os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições, o general Umaro Sissoco Embaló venceu o escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, conseguiu 46,45%.
Umaro Sissoco Embaló respeita a “posição” de Domingos Simões Pereira
Esta sexta-feira, Umaro Sissoco Embaló disse que a impugnação dos resultados das presidenciais por Domingos Simões Pereira é um “exercício político” e que respeita a “posição”. As declarações foram feitas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, antes de viajar para o Senegal, a convite do chefe de Estado senegalês, Macky Sall.
Umaro Sissoco Embaló disse que a tomada de posse poderá acontecer a 15 de Fevereiro.
“Já falei com o Presidente cessante José Mário Vaz e estou a pensar lá para o dia 15 [de Fevereiro]. Não vim aqui empurrar o homem. Já sou o Presidente eleito e não tenho pressa para tomar posse, mas o país está parado e há muita coisa a fazer“, afirmou Umaro Sissoco Embaló.
Militantes do Madem G-15 reunidos em Paris para festejar
Este sábado, vários militantes e simpatizantes do Madem G-15 reuniram-se em Paris para festejar a vitória de Umaro Sissoko Embaló, contou à RFI Jorge Monteiro, do Madem G-15.