GUINÉ-BISSAU: DSP contesta resultados em nome da “verdade democrática”

O candidato derrotado nas eleições presidenciais da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, apresentou, este sábado, um conjunto de elementos para ilustrar o que diz serem irregularidades no apuramento dos resultados.

Domingos Simões Pereira. Bissau, 27 de Dezembro de 2019. SEYLLOU / AFP

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O candidato derrotado nas eleições presidenciais da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, apresentou, este sábado, um conjunto de elementos para ilustrar o que diz serem irregularidades no apuramento dos resultados. O candidato do PAIGC impugnou os resultados eleitorais, na sexta-feira, no Supremo Tribunal de Justiça. Em Paris, militantes do Madem G-15 festejaram, hoje, a vitória de Umaro Sissoko Embaló.

Em conferência de imprensa, este sábado, Domingos Simões Pereira, disse que a transparência e a justiça não estão comprovadas no registo de votos expressos nas actas. Simões Pereira apresentou um conjunto de elementos para ilustrar o que diz serem irregularidades no apuramento dos resultados, nomeadamente números de votantes a mais, carimbos da Comissão Nacional de Eleições diferenciados para autenticar actas de apuramento de resultados nas mesas de votação, interferência de entidades fora do processo eleitoral, entre outras anomalias.

A democracia anda em paralelo com a transparência e a justiça, que não estão comprovadas em relação ao registo dos votos expressos nas actas das assembleias de voto e muito menos na transposição das actas síntese para os quadros informáticos em tratamento. Por isso, o recurso judicial, esperando que as instâncias competentes deem a conhecer ao povo e à nação guineense a garantia de quem de facto mereceu a preferência dos guineenses para presidir ao seu destino nos próximos cinco anos“, afirmou.

O líder do PAIGC denunciou que um apoiante de um candidato fez campanha eleitoral no dia da votação junto às assembleias de voto, com a distribuição de dinheiro e acompanhado de homens armados.

Domingos Simões Pereira promete não baixar a guarda e avisou que vai até às últimas consequências atrás do que diz ser “a verdade democrática“. Por outro lado, acrescentou que chegou a ponderar felicitar Umaro Sissoco Embaló mas que foi alertado das alegadas irregularidades e decidiu esperar para analisar os números.

Agora a palavra cabe ao Supremo Tribunal de Justiça, nas vestes de Tribunal Constitucional, embora vários juristas ouvidos pela RFI tenham poucas esperanças em como a petição apresentada por Simões Pereira venha a ter um acolhimento favorável.

A conferência de imprensa acontece um dia depois de Domingos Simões Pereira ter submetido ao Supremo Tribunal de Justiça a impugnação dos resultados eleitorais de 29 de Dezembro, com base em alegadas provas de fraude.

O candidato do PAIGC também deu “uma palavra à comunidade internacional pelo acompanhamento que tem assegurado a situação política do país, nomeadamente às missões de observação eleitoral que obviamente contribuem para um ambiente mais apaziguado e seguro do escrutínio”. Porém, afirmou que “certamente não têm como certificar a correção detalhada dos dados que são apurados e tratados“.

Domingos Simões Pereira também enalteceu “o comportamento globalmente irrepreensível das forças de defesa e segurança que se mantiveram à margem do processo enquanto instituição, mas que devem proceder a um apuramento e responsabilização dos incidentes ocorridos e registados para contínua moralização e disciplina do serviço nobre que prestam à nação”.

Segundo os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições, o general Umaro Sissoco Embaló venceu o escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, conseguiu 46,45%.

Umaro Sissoco Embaló respeita a “posição” de Domingos Simões Pereira

Esta sexta-feira, Umaro Sissoco Embaló disse que a impugnação dos resultados das presidenciais por Domingos Simões Pereira é um “exercício político” e que respeita a “posição”. As declarações foram feitas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, antes de viajar para o Senegal, a convite do chefe de Estado senegalês, Macky Sall.

Umaro Sissoco Embaló disse que a tomada de posse poderá acontecer a 15 de Fevereiro.

Já falei com o Presidente cessante José Mário Vaz e estou a pensar lá para o dia 15 [de Fevereiro]. Não vim aqui empurrar o homem. Já sou o Presidente eleito e não tenho pressa para tomar posse, mas o país está parado e há muita coisa a fazer“, afirmou Umaro Sissoco Embaló.

Militantes do Madem G-15 reunidos em Paris para festejar

Este sábado, vários militantes e simpatizantes do Madem G-15 reuniram-se em Paris para festejar a vitória de Umaro Sissoko Embaló, contou à RFI Jorge Monteiro, do Madem G-15.

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