Hábitos saudáveis podem evitar 60 mil mortes por câncer no Brasil

Estudo revela que tabagismo é o principal risco para homens, já para mulheres, sobrepeso e falta de exercícios

USP

Estudo revela que tabagismo é o principal risco para homens, já para mulheres, sobrepeso e falta de exercícios


Por Jose Carlos Ferreira – Editorias: Atualidades, Rádio USP, Jornal da USP no Ar


O estilo de vida não saudável relacionado ao tabagismo, consumo exagerado de álcool, excesso de peso, falta de atividade física e má alimentação causa mais de 100 mil casos e 60 mil mortes por câncer no Brasil. Foi o que apontou um estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina (FM) da USP. O estudo, intitulado Proporção de casos de câncer e mortes atribuíveis a fatores de risco no estilo de vida todo ano no Brasil, ganhou destaque internacional. O Jornal USP no Ar conversou com Leandro Rezende, pesquisador do departamento, para maiores esclarecimentos sobre o estilo de vida saudável versus a prevenção do câncer.

O estudo surgiu durante o doutorado de Rezende, entre 2014 e 2018, motivado pelo consenso já estabelecido na literatura de que hábitos saudáveis estão relacionados à redução de, pelo menos, 20 tipos de cânceres. Agora, o objetivo é compreender como esses fatores de risco afetam a realidade do brasileiro. Além de relacionar a incidência e mortalidade de câncer por sexo, também foi possível dimensionar que hábitos estão ligados à incidência da doença, a fim de preveni-la.

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Tabagismo – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

 

Foi constatado que 29% de todos os casos de câncer em homens derivam do tabagismo, contra 24% em mulheres. O índice de massa corporal elevado, a falta de exercício físico e o consumo de álcool são os principais fatores de risco para as mulheres. Isso não quer dizer, no entanto, que a população feminina apresente maior taxa de massa corporal, ou consuma mais álcool, que a masculina. Existem cânceres, como os de ovário e mama, associados apenas às mulheres, que são mais suscetíveis a esses fatores de riscos.

Os dados preliminares para a pesquisa, relativos à prevalência dos fatores de risco na população brasileira, foram obtidos através de duas pesquisas conduzidas pelo IBGE. A literatura sobre o tema foi amplamente visitada, além de dados coletados da Agência Nacional de Pesquisa em Câncer, responsável por fornecer o número de casos e mortes que ocorrem por ano no Brasil.

Leandro Rezende reforça a importância do estudo como um primeiro passo na busca de hábitos mais saudáveis. Para o pesquisador, a construção de um ambiente saudável é fundamental. No caso da alimentação, fica o alerta para o consumo exacerbado de carne vermelha, associado ao aumento do risco de câncer de colo retal, mas, principalmente, o consumo de alimentos ultraprocessados. Outra preocupação é o avanço da indústria do tabaco, com cigarros eletrônicos e produtos mais lúdicos, que estão atraindo consumidores mais jovens. A saída para essa questão é a criação de novas políticas públicas e uma regulação mais vigorosa, finaliza o pesquisador.


Jornal.usp.br

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