O cotidiano das pessoas é resumido em pedalar para ganhar méritos, se alimentar, comprar objetos, assistir programas de televisão e dormir. É possível fazer algumas analogias em torno deste cotidiano, pois o ato de passar o dia pedalando em bicicletas ergométricas me fez lembrar um termo que foi popularizado no livro: “Pai rico, Pai pobre” se trata da “Corrida dos Ratos” Esse termo “evoca a imagem dos esforços inúteis de um rato de laboratório tentando escapar correndo em uma roda ou em volta de um labirinto. Em uma analogia com a cidade moderna, muitos ratos em um mesmo labirinto dispendem um esforço intenso correndo aleatoriamente, para ao fim não atingirem nenhum objetivo coletivo ou individual”.
O show business exibido no cotidiano daquelas pessoas me fez lembrar a quinta estratégia de manipulação de massa de Noam Chomsky que se trata de “infantilizar o público”: “O objetivo é vencer as resistências das pessoas. É uma das estratégias de manipulação em massa que busca neutralizar o senso crítico das pessoas”. “Muitas das mensagens na televisão, especialmente da publicidade, tendem a falar ao público como se fossem crianças. Usam gestos, palavras e atitudes que são conciliadas e impregnadas com uma certa aura de ingenuidade”. Além disso, cabe também aqui a primeira estratégia de manipulação de massa que é “distrair o público” que “Consiste, basicamente, em direcionar a atenção do público para temas irrelevantes ou banais. Desta forma, eles mantêm as mentes das pessoas ocupadas.
O comportamento da personagem Bingham “Bing” Madsen me fez lembrar o prisioneiro que saí da caverna em “Alegoria da Caverna” do filósofo Platão, mas que ao tentar convencer os outros prisioneiros que aquele mundo é uma ilusão, não é compreendido por eles, pois eles são estão tão condicionados que nem duvidam que que as sombras projetadas nas paredes da caverna são reias.
O comportamento da personagem Abi é interessante de ser analisado e vale deixar uma pergunta: “Por que sempre acreditamos que a maioria está certa sobre o que é melhor para nós?”. Essa pergunta não pretende desenvolver em você um sentimento de orgulho, mas para que a gente reflita que pessoas como Jesus Cristo, não teve o apoio da maioria, porém estava certo em muitas de suas ações. Além disso a maioria estava a favor do regime escravocrata, o que hoje vemos como um dos maiores erros da humanidade.
PS: O episódio: “Fifteen Million Merits” foi aclamado pela crítica. A série: “Black Mirror” revela mais sobre a contemporaneidade do que a proposta futurista tenta nos advertir.
Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” em verso e prosa.