Mais uma categoria que sofre os impactos da pandemia no país
Publicado: 05 Abril, 2020 – 22h55 | Última modificação: 05 Abril, 2020 – 23h59
Escrito por: SECOM BAHIA
Diversas categorias de trabalhadores estão sofrendo o impacto social e econômico com a chegada do novo coronavírus no país. As demissões não param de acontecer e chegaram ao polo calçadista do município de Ipirá, distante 210 quilômetros de Salvador.
Ipirá sedia um dos maiores polos de produção de calçados, bolsas e outros produtos do ramo na Bahia. Com uma população de 60 mil habitantes, a indústria calçadista é o maior polo gerador de empregos na região, concentrando cerca de 1.600 empregos diretos num parque fabril que tem marcas de fama mundial, a exemplo da Ortopé e ASICS.
O porte dessas empresas também se mostra proporcional a insensibilidade com o drama social em que estão promovendo nesse momento de crise. Na última semana, sem diálogo com o Sindicato dos Trabalhadores em Indústria de Calçados, uma fábrica comunicou o afastamento de 300 trabalhadores.
Esse absurdo acontece mesmo depois de negociação feita pelo Sindicato de que os trabalhadores ficariam em quarentena como forma de preservação do quadro de trabalhadores, de onde inclusive parte uma fração considerável da renda do município. Nenhuma possibilidade para manutenção do emprego foi levada em conta, incluindo aí o fato de que inúmeros trabalhadores residem na zona rural e tinham nesses empregos a única fonte de receita para sustentar suas famílias.
A insensibilidade também ficou patente na forma de efetuar as demissões. A empresa fez uma ligação telefônica para o Sindicato, mas sem deixar espaço para que ali fossem feitas as homologações, como forma de fiscalizar e proteger os direitos trabalhistas no processo rescisório.
A presidente do Sindicato, Arlete Silva, afirma que também é papel do poder público viabilizar uma solução pela empregabilidade na região, já que essas empresas se instalaram no município usufruindo de incentivos fiscais, além de que estão dispondo de mão de obra qualificada para produzirem em larga escala e tendo outros países como destino da produção. “A nossa cidade depende em sua maioria dos empregos gerados pela indústria do couro e com essas demissões não serão afetados apenas 300 trabalhadores, mas toda uma cadeia de serviços na região que depende dessa fonte de renda”, afirma Arlete Silva.
Essas demissões não serão afetados apenas 300 trabalhadores, mas toda uma cadeia de serviços na região que depende dessa fonte de renda
A direção da CUT Bahia repudia o método adotado pela empresa, pois fere a honra e a dignidade daqueles trabalhadores que tanto fizeram e fazem para que os produtos da empresa chegue até os seus clientes, mesmo em outros continentes, e desde já se coloca a disposição do Sindicato para buscar uma alternativa política junto ao governo do estado. Nesse momento de crise, é fundamental preservar a saúde e a segurança alimentar da população baiana, e isso se faz com a manutenção dos empregos, dos direitos e de renda mínima para que as pessoas tenham condições de superar mais esse desafio.
Vamos até o Governador Rui Costa denunciar esse afronta aos trabalhadores da região e cobrar uma solução
“É um absurdo que, mesmo com tantos incentivos que recebem dos governos, essas empresas não planejam alternativas ao desemprego, sabendo que as pessoas dependem dessa renda. Vamos até o Governador Rui Costa denunciar esse afronta aos trabalhadores da região e cobrar uma solução”, afirma Leninha, presidente da CUT Bahia.