Por Alex Solnik
No mesmo dia em que o direitista e xenófobo Bibi Netanyahu foi reeleito para o seu quinto mandato de primeiro-ministro, com suas pautas estúpidas, belicosas e ofensivas à dignidade humana, o Congresso israelense aprovou a liberação total do plantio e uso – para qualquer fim – da maconha. Que é uma pauta progressista, de esquerda.
E sem aquelas frescuras do Uruguai, que exige cadastramento e restringe quantidades.
Em Israel, não: não tem que se identificar e pode comprar quanto quiser. Nas palavras das autoridades locais, está liberado o “uso adulto”.
Comprar em farmácias, com receita, já era liberado para doenças terminais desde os anos 90; agora vale qualquer receita médica, sem especificar a doença.
Plantar em casa passou a ser permitido, também sem restrições. E também a venda comercial. Já há mais de 400 fazendas aptas a produzir. Um ex-primeiro-ministro é o dono da maior empresa do ramo.
Trata-se de uma planta, como outra qualquer. Não é uma droga, porque não é manipulada em laboratório. E seus usos são múltiplos, desde fumar para relaxar até como matéria-prima de uma infinidade de remédios e cosméticos, além de inúmeros produtos a partir do cânhamo, como roupas e velas de barcos.
A maioria dos homicídios no Brasil ocorre em consequência de repressão ao tráfico ou guerra entre quadrilhas que traficam maconha. A maioria dos presos no sistema carcerário brasileiro é de pequenos traficantes ou usuários sem advogado.
Uma planta muito valiosa, que poderia, comercializada, fazer a diferença em nossa balança comercial e ainda diminuir o banho de sangue provocado pela “guerra das drogas”, foi transformada, no Brasil, em vilã, como se tivesse culpa de alguma coisa e entregue docemente a bandidos de alto saldo bancário, que determinam seu uso, seu preço e a comercializam segundo suas próprias leis e sem contribuir com um tostão para o tesouro nacional.
Já que Bolsonaro gosta tanto de Israel, podia copiar as coisas boas de lá.