Por Tiago Angelo
O procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou nesta terça-feira (17/12) uma nota técnica em que sugere vetos a 16 pontos do projeto de lei “anticrime”, proposta que foi aprovada no último dia 11 e aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro.
O documento, elaborado pelas Câmaras de Coordenação Criminal e de Combate à corrupção do Ministério Público Federal, foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública — pasta comandada pelo ministro Sergio Moro —, à Casa Civil e à Secretaria-Geral da Presidência.
O principal ponto que desagradou a PGR diz respeito à instituição do juiz de garantias, medida que dá ao juiz maior poder sobre o processo investigatório.
Segundo a nota, a necessidade de avisar o magistrado previamente sobre operações não corresponde ao atual modelo acusatório.
De acordo com o texto, o juiz deve “permanecer afastado das valorações jurídico-penais […] Repele-se, assim, que o magistrado exerça controle excessivo e pernicioso das investigações criminais, sob pena de usurpação de funções que competem a outros atores da persecução criminal”.
O trecho que permite trancamento do inquérito policial por parte do juiz também é alvo do pedido de veto. “Nesses termos fica ainda mais claro o inegável prejuízo à persecução penal”, argumenta o MPF.
Prisão preventiva
O documento também aborda o trecho que obriga a Justiça a revisar a necessidade de prisão preventiva a cada 90 dias. O MPF argumenta que já é possível exercer controle sobre as prisões por meio de Habeas Corpus.
“O dispositivo propõe mudar a natureza da prisão preventiva, tornando-a quase uma prisão temporária, além de instituir uma presunção de ilegalidade da decisão judicial, invertendo-se a lógica a atuação estatal”.
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