Pesquisa avalia diferentes protocolos de terapia com laser para o tratamento da mucosite oral, inflamação comum em quem faz quimio ou radioterapia
Por Jose Carlos Ferreira – Editorias: Ciências da Saúde
Pacientes submetidos a terapias contra o câncer – 20, por exemplo – podem sofrer bastante com reações adversas. Um desses problemas, em especial no tratamento da região da cabeça e pescoço, é desenvolvimento da mucosite oral, que é uma inflamação aguda da mucosa oral com quadro clínico que varia de uma estomatite geral (inchaço, vermelhidão) até lesões ulceradas. Na Faculdade de Odontologia (FO) da USP, a pesquisadora Claudia Carrara Cotomacio estuda de que forma a terapia com laser pode ajudar esses pacientes.
A eficácia da chamada terapia de fotobiomodulação, realizada com laser vermelho em baixa potência, já foi comprovada para a mucosite. Entretanto, não há consenso sobre os parâmetros ideais, por exemplo, qual quantidade de energia que seria mais eficaz no tratamento. Trabalhando com o tema desde o mestrado, a pesquisa de Claudia Carrara busca preencher essa lacuna ao testar qual protocolo traz mais benefícios e um reparo mais rápidos aos pacientes. Os estudos são feitos no Laboratório de Biologia Oral (LBO), com orientação da professora Alyne Simões Gonçalves.
Laser na odontologia
A inspiração para a pesquisa partiu da observação de como o problema afeta os pacientes oncológicos que são atendidos no Laboratório Especial de Laser em Odontologia (Lelo). “A lesão é bastante dolorosa. Se uma afta causa dor, imagine ‘várias delas’. São lesões múltiplas na cavidade oral e podem se tornar confluentes [se juntarem]. Com isso, temos uma área muito grande de uma lesão ulcerada”, explica a professora Alyne Gonçalves. Ela conta que, muitas vezes, o paciente precisa até interromper o tratamento oncológico em razão da mucosite, prejudicando bastante todo o processo.
Outro agravante é a possibilidade de o paciente desenvolver uma infecção sistêmica por conta das lesões na cavidade oral. “Um microrganismo oportunista pode entrar na corrente sanguínea do paciente, causando uma infecção generalizada. Então, além de ser uma lesão dolorosa, ela também traz riscos”, elucida a professora. “O objetivo principal da aplicação dessa terapia é conseguirmos fechar essas lesões o mais rapidamente possível.”
Por intermédio do atendimento clínico realizado no Lelo, as dúvidas sobre os protocolos vão surgindo e são levadas para o laboratório. No LBO, a pesquisadora Claudia Carrara induz a mucosite oral em modelo animal através da injeção do quimioterápico 5-FU. A partir disso, são utilizados diferentes protocolos para tratar as lesões, além de análises bioquímicas, imuno-histoquímicas e histológicas.
“Por enquanto, estamos confirmando, com esses dados preliminares, que o protocolo que utilizamos na clínica, realmente, está se mostrando o melhor protocolo no laboratório também”, explica a professora Alyne Gonçalves. Ao mesmo tempo, ela adverte que a questão ainda não está fechada, uma vez que no laboratório são utilizados modelos animais, com características diferentes, impossibilitando a relação direta.
Mais informações: e-mail: claudiacotomacio@gmail.com, com Claudia Cotomacio; e lysimoes@usp.br, com Alyne Gonçalves