MANIQUEISMO REVISITADO
O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável. Necessidade de também ser fera.
Augusto dos Anjos
Esse dualismo estanque tendo como seu fundador um filósofo cristão do século III de nome Maniqueu pode ser vista sob a ótica da relativização, pois houve uma simplificação de questões que a partir de novas revelações da espiritualidade, me parece mais complexo a compreensão da dualidade do que se imaginava no passado. Ou seja, esse pensamento do “mal ser praticado pelo simples fato de se sentir prazer em mal ser” é bastante questionável na ótica moderna.
Na obra: “Memórias de Javé” o escritor Jan Val Ellam diz:
“muitos dos que “morreram por Jesus” ao longo desses dois milênios, que não conseguiram perdoar os seus algozes, chega um tempo em que suas consciências abaladas pelo sofrimento começam a cobrar do próprio Jesus o porquê do seu legado ter se transformado num mar de sangue, estéril e criminoso, e que para nada serviu ou serve. Uma só lagrima, uma só gota de suor ou de sangue dos que “morreram por Jesus”, serviu para quê? E o que ele e você fizeram nesses dois mil anos para aplacar isso? São esse que sofrem os horrores de um passado equivocado e inútil que hoje você chama de trevas!”
Com a chamada rebelião de Yel Luzbel (Lúcifer) houve a mesma simplificação do orgulho que fez com que este quisesse ser mais que Deus por meio do que pode ser revelado ao tempo de Moisés. A pergunta que a ótica terrena não faz sobre esta revelação é a seguinte: Se os anjos são seres perfeitos feitos a imagem e semelhança de Deus como poderia Yel Luzbel (Lúcifer) ter um manifestado um dos 7 pecados capitais? A resposta é que por meio das notícias trazidas por Jan Val Ellam, a causa da rebelião foram os questionamentos feitos por Lúcifer ao detectar problemas na criação deste universo.
No livro: “O Drama Cósmico de Javé” no capítulo 11 – “A Via Láctea e o Quartel-General da Última Rebelião” está escrito que Lúcifer questionou:
“O porquê de existir vida não-pensante (como é o caso dos animais da natureza terrestre) e esta ainda ser destruída por outras formas de vida, esse aspecto e outros mais lhe causavam inquietação mental além da conta. “Qual a função de tantas espécies que “sofriam rotas evolutivas?”; “Por que tanto sofrimento e necessidade de superação e de destruição das formas mais frágeis?”
A personagem “Coringa” tem feito várias reflexões nas produções cinematográficas sobre esse maniqueísmo que se estabelece sem uma análise mais cuidadosa da dualidade, no filme: “Ultima Parada 174” na cena em que a personagem “Sandro” sequestra o ônibus, a mulher do batom diz: “Você é a única vítima verdadeira da situação”, como sustentar esse maniqueísmo estanque na obra: “As vítimas algozes” de Joaquim Manoel de Macedo?
Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas coisas. Isaias 45:7
Rodrigo Santana Costa é professor e escritor da obra: “Clarecer” em verso e prosa.