O objetivo é estimular o ensino técnico e facilitar a entrada dos jovens no mercado de trabalho
Com a meta de elevar em 80% o total de matrículas em cursos técnicos e de qualificação profissional até 2023, o Ministério da Educação (MEC) lançou, nesta terça-feira (08), o programa Novos Caminhos. A iniciativa quer estimular o ensino técnico e facilitar a entrada dos jovens no mercado de trabalho.
Até o final de 2023 devem ser ofertadas mais 1,5 milhão de matrículas em cursos técnicos e em qualificação profissional, totalizando 3,4 milhões em todo o país. As vagas serão ofertadas tanto no ensino médio quanto para jovens e adultos que já estão fora da escola.
Outra meta é abrir 40 mil vagas para a formação de professores das redes públicas estaduais na educação profissional e tecnológica até 2022. Outras 2 mil vagas de mestrado em educação profissional e tecnológica devem ser ofertadas a professores e gestores entre 2020 e 2022.
Além da ampliação das vagas e da capacitação de professores, o Novos Caminhos vai alinhar a oferta de cursos e a demanda do setor produtivo e mobilizar os estados para a implementação dos itinerários de formação técnico e profissional no ensino médio.
Para 2019 ainda está previsto o lançamento de editais no montante de R$ 5 milhões para apoio a projetos de iniciação tecnológica nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Valorização do ensino técnico
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que é preciso incentivar o ensino técnico e essa é a intenção com o Novos Caminhos.
“É preciso quebrar o preconceito contra o trabalhador técnico, valorizar a profissão e mostrar que muito curso técnico bom permite ter uma renda superior a alguém formado em curso superior que não tem foco na realidade”, disse o ministro.
Weintraub disse que nos últimos anos o ensino técnico foi negligenciado no Brasil e citou dados como da Europa, onde cerca de 50% dos jovens estão no ensino técnico, e do Chile, onde esse percentual está em torno de 35%. “No Brasil temos 8%. Existe demanda para fazer o ensino técnico por parte dos jovens e demanda por parte dos empresários por pessoas capacitadas”, afirmou.
Adequação da oferta de curso
Com a participação dos setores produtivos será feita a atualização do catálogo nacional de cursos técnicos para alinhar a oferta de cursos às demandas socioeconômicas, a arranjos produtivos locais e a inovações tecnológicas. Segundo o MEC, 40% dos empregadores têm dificuldade para encontrar profissionais de nível técnico qualificados.
Curso técnico
Dados apresentados pelo ministério durante o lançamento do programa indicam o impacto potencial do ensino técnico: para jovens que têm formação técnica a taxa de emprego formal é 38% maior. Já a formação profissional e tecnológica pode representar aumento de cerca de 20% na renda do trabalhador.
Um exemplo de caso em que o curso técnico fez a diferença é o de Jerry Farias, estudante do curso de técnico em eletrotécnica na Escola Técnica de Brasília, mantida pelo governo do Distrito Federal. Jerry já trabalhava há quatro anos como técnico de eletricista em uma empresa e depois que começou o curso foi promovido a eletricista.
“Quando comecei a fazer o curso creio que isso fez com que a empresa acreditasse mais no meu potencial e viu também minha dedicação de estar fazendo um curso técnico. Isso melhorou o salário e tem também a experiência em carteira que vale muito nessa área”, contou.
O diretor da Escola Técnica de Brasília, Ridan da Silva, contou que a unidade forma em média 400 alunos por semestre e é comum empresas da cidade irem até a escola fazer seleção com os estudantes para preencherem vagas de trabalho.
“A possibilidade dele conseguir um emprego sendo técnico é muito maior do que ele tendo um nível superior. Dentro da empresa você vai oferecer o número mínimo de vagas para quem têm formação de nível superior, mas a quantidade de técnicos que existe dentro de uma empresa é muito maior. O Brasil passa por uma crise de empregos, então nada melhor que o aluno buscar uma formação na área técnica para que ele consiga um emprego de forma mais célere”, disse Jackes Ridan.
Para mais informações acesse a página do Novos Caminhos no Portal MEC.