Médicos perderam a confiança na hidroxicloroquina, diz infectologista Roberto Badaró

Para especialista, medicamento não tem eficácia comprovada no meio científico

Foto : Matheus Simoni/Metropress

Para especialista, medicamento não tem eficácia comprovada no meio científico


Por Matheus Simoni no dia 18 de Maio de 2020 ⋅ 08:49


O médico infectologista Roberto Badaró criticou a defesa pela hidroxicloroquina como uma medida eficaz na luta contra o coronavírus. Em entrevista a Mário Kertész hoje (18), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que o meio científico ainda está em estudos iniciais, mas já se chegou à conclusão de que a o remédio não é 100% eficaz contra o coronavírus.

“A hidroxicloroquina ficou uma droga muito popularizada não para tratar malária, que já temos um monte de drogas para esse tratamento. Como ela tem uma capacidade anti-inflamatória muito boa, ela foi desenvolvida e utilizada em doenças do tecido conectivo, como as reumáticas. Tenho centenas de pacientes no meu consultório que eu controlo a artrite deles com hidroxicloroquina. Quando foi testada em estudos observacionais na China, ela mostrou que os indivíduos que tomavam a hidroxicloroquina tinham redução da carga viral, mas não houve comparação com os milhares de doentes que foram aparecendo e tomando o medicamente. É um erro fazer experimentos sem controle”, declarou Badaró.

“Ela ganhou fama e até mesmo a Organização Mundial de Saúde recomendou a utilização. Mas agora, até os próprios chineses e os estudos controlados publicado em revistas de alto impacto, mostraram que não há diferença muito grande em indivíduos da fase avançada que receberam a hidroxicloroquina daqueles que não receberam. Foi a primeira ducha fria que caiu na hidroxicloroquina. Há outro estudo recente que mostra que, quando compararam em Nova York, também não houve diferença. Ao dizer que é inconclusivo, significa que o estudo não está correto. Isso fez com que a maioria dos médicos perdesse a confiança”, afirmou.

Badaró afirmou que já utilizou outros medicamentos como forma de tratamento contra o coronavírus. “Hoje ainda é opcional, alguns médicos colocam em seu protocolo [a hidroxicloroquina]. Eu não coloquei no meu, junto com outros médicos, mas eu coloquei uma outra droga, que ivermectina, que comparada em estudo observacional junto com a hidroxicloroquina, ela foi disparadamente e significativamente melhor. Tem uma vantagem em dose única, que é mais fácil. Isso não significa que as pessoas têm que ir para a farmácia comprar porque não tem nenhuma eficácia. Não é vacina. Se eu não tenho coronavírus e tomo, não vai adiantar nada. Só vai adiantar se eu tiver com coronavírus. É preciso chamar a atenção disso”, alertou.


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