“Em nome do combate à corrupção, um agente da lei não pode cometer crimes. Pela lei brasileira, um juiz não pode atuar como acusador”
por Jornal GGN
O ministro da Justiça Sergio Moro tem lançado mão das instituições e do poder para se defender de vazamentos de conversas de Telegram que expõem o conluio entre o ex-juiz e o Ministério Público na Lava Jato. É o que avalia o jornalista Kennedy Alencar, após criticar um tuíte em que Moro ameaça a liberdade de imprensa, e uma foto, postada nas redes, ao lado do general Eduardo Villas Boas – tentando denotar que houve apoio incondicional do Exército à operação.
O que Moro quer, segundo o jornalista, é intimidar a imprensa, que faz o trabalho de divulgar o lado B da Lava Jato e pressionar por investigações sobre a conduta do ex-juiz.
“Ao lançar dúvida a respeito de um material verdadeiro, o hoje ministro da Justiça joga na confusão e demonstra ter visão autoritária sobre o papel da imprensa numa república plenamente democrática. Moro também confunde instituições e pessoas, algo próprio do patrimonialismo brasileiro”, escreveu.
“Em nome do combate à corrupção, um agente da lei não pode cometer crimes. Pela lei brasileira, um juiz não pode atuar como acusador. Ninguém merece ser julgado por um magistrado que já tomou partido”, comentou Kennedy.
O jornalista ainda denotou que nas últimas décadas, formas sutis de corrupção forma surgindo. E questionou se a tentativa de Deltan Dallagnol e do colega Roberson Pozzobon de “lucrar” com a Lava Jato, criando empresa de eventos em nome das esposas, não seria uma dessas formas.
“(….) industrializar palestras a partir da fama obtida com investigações de corrupção na Lava Jato é um modo mais sofisticado de corrupção, usando laranjas e aventando formatos de empresa ou instituto para evitar ‘críticas’? O Conselho Nacional do Ministério Público decidiu averiguar se os procuradores Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon recorreram ou não a tal sofisticação. Leia reportagem da “Folha de S.Paulo” a respeito desse tema.”