O banquete esotérico

HIPÓTELES_ Todos nós ao chegarmos a este mundo exercitamos a vontade de saber sobre as coisas da existência. Percebe isso?

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O BANQUETE ESOTÉRICO

PARTE I

HIPÓTELES_ Todos nós ao chegarmos a este mundo exercitamos a vontade de saber sobre as coisas da existência. Percebe isso?

PLUVÍDIO_ Sim! Inclusive, eu observo muito as crianças e os seus intermináveis porquês.

HIPÓTELES_ Mas por que ao chegar certa idade, muitas pessoas perdem essa capacidade de continuar fazendo perguntas?

PLUVÍDIO_ Elas podem ter encontrado as respostas para os seus porquês.

HIPÓTELES_ E se o que elas descobrissem que o que elas aceitaram como resposta é apenas uma versão dos fatos. O que aconteceria?

PLUVÍDIO_ Creio eu que elas procurariam as outras versões.

HIPÓTELES_ Será que é isso que farão?

PLUVÍDIO_ Pelo menos é o que a curiosidade deveria provocar nelas.

HIPÓTELES_ Eu fiz um teste e obtive um resultado. Eu passei em várias escolas e perguntei: Quem descobriu a América? E quando eles responderam: “Cristovão Colombo”. Eu disse que a resposta estava errada.

E sabe qual foi a reação deles?

PLUVÍDIO_ Qual?

HIPÓTELES_ Eles riram de mim. Acharam que era apenas uma brincadeira, mas após o silêncio dos risos, um dos alunos levantou a mão e disse: “Ora se não foi Cristovão Colombo. Então algum povo antes de Cristovão Colombo pode ter chegado à América, mas como fomos colonizados por portugueses o que sabemos é apenas a versão deles da história. E que se trata de uma versão bem tendenciosa, por sinal.

PLUVÍDIO_ E qual foi a reação do restante da turma ao ouvir a opinião do aluno?

HIPÓTELES_ Primeiro eles riram, depois chamaram-no de “louco”. Então eu pedi para que todos prestassem a atenção em mim. E eu disse que as respostas prontas dos livros escolares roubaram-lhes a capacidade de fazer novas perguntas ou até mesmo de questionar estas respostas prontas, mas vejo que o colega de vocês é um dos espíritos que eu estava procurando, pois mesmo sem saber qual povo poderia ter vindo antes de Cristovão Colombo, ele ousou pensar diferente e expor a sua opinião sem medo da reação da maioria.


Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” em verso e prosa.

 

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