Por Adriana Moysés
“M”, a revista do jornal Le Monde, dedica sua edição deste fim de semana ao Festival de Cannes, que começa na próxima terça-feira (14). Os cortes promovidos pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro na área da Cultura devem receber atenção especial dos participantes do evento.
O cinema brasileiro está bem representado nesta edição de Cannes, com três filmes selecionados: “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, concorre à Palma de Ouro na seleção principal, “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Ainouz, participa da mostra Um Certo Olhar, e “Sem seu sangue”, de Alice Furtado, será exibido na Quinzena dos Realizadores. O que tinha tudo para melhorar a combalida imagem do Brasil no exterior infelizmente será associado a um governo “inculto”, assinala a revista do Le Monde. Jair Bolsonaro está dilapidando a cultura brasileira.
Três anos depois de denunciar no tapete vermelho em Cannes o golpe que estava em curso no Brasil contra o governo de Dilma Rousseff, em 2016, o diretor de “Aquarius” só lamenta que tinha razão, escreve a revista “M”. O cineasta pernambucano conta o que vem acontecendo no Brasil depois da chegada de Bolsonaro ao Planalto. “Os projetos culturais estão interrompidos, inclusive aqueles ligados à restauração do patrimônio histórico, e a classe artística é perseguida na Justiça”, conta o diretor. Num contexto desses, a seleção dos três filmes brasileiros em Cannes já é em si uma forma de protesto, explica Kleber.
A matéria conta que Osmar Terra, o ministro da Cidadania que herdou a pasta da Cultura, e Bolsonaro não têm o menor interesse pela projeção cultural do Brasil no exterior. Eles reduziram drasticamente os subsídios da Lei Rouanet para projetos artísticos e aplicam uma política para matar financeiramente o cinema. Sem as verbas do programa Cinema do Brasil, que assegurava a promoção dos filmes brasileiros no mercado internacional, os diretores têm recorrido ao financiamento privado.
Laís Bodansky descreve que o governo se comporta de forma simplista e não hesita em divulgar fake news para fazer do artista um cidadão pervertido. Ela conta à revista que, para justificar os cortes de patrocínio da Petrobras, Bolsonaro divulgou um vídeo em sua conta no Twitter com imagens de três eventos – a exposição “Queermuseu”, a peça “Macaquinhos” e o filme “Hoje eu quero voltar sozinho”, todos pregando a tolerância contra a comunidade LGBT –, como se a companhia só financiasse esse tipo de obra, sendo que nenhum dos três projetos recebeu patrocínio da Petrobras.
“Nós vivemos uma verdadeira ameaça à valorização da nossa cultura sob diferentes formas – o cinema, o teatro e a produção intelectual”, acrescenta Maria Arminda do Nascimento Arruda, diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
A obsessão da maior parte dos ministros desse governo e do próprio Bolsonaro em propagar que um “marxismo cultural” se infiltrou na sociedade brasileira só tem um objetivo: servir ao projeto obscurantista da extrema direita. Asfixiando a educação e a cultura, eles buscam ocultar com polêmicas superficiais o verdadeiro debate, que permitiria à produção brasileira se adaptar às novas tecnologias e à globalização. “Estamos abandonados”, resume com amargura Laís Bodansky.
Nas próximas duas semanas, em Cannes, certamente não faltará apoio à luta dos brasileiros por educação e cultura.
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