O mundo não para um segundo sequer, daqui de casa se ouve um som vindo da serraria, dos motores dos carros nas ruas, as construções das coisas são fantásticas, são arquiteturas, mesas, cadeiras, sem contar dos meios de tecnologias de ponta: tantos feitos, obras, criações, neste exato momento tem alguém bolando uma música, uma comida, das coisas mais simples às mais complicadas, a motriz da vivacidade múltipla de tudo está ao mesmo tempo agora se organizando e desorganizando, construindo e desconstruindo, vivendo e morrendo. É uma velocidade que escapa os olhos, sobressalta.
Só de pensar me aflige não estar nas coisas, no preparo, na elaboração, no desfecho, na concretude de uma existência com o senso de sobrevivência, no senso recreativo de saber usufruir daquilo que se constrói; isso é de se arrombar: comodidade, bem estar de maneira incrivelmente criativa realizada, posta em vida. Por vezes me assusto com o velocímetro e com minha inutilidade diante a omissão em prestar um serviço efetivo, prático, que realmente funcione e melhore a vida de alguém, até minha própria existência, sei lá, qualquer feito com a capacidade humana de sobressair perante o desafio à audácia da tentativa, da busca implacável pela melhoria de algo. Não há nada em nenhum canto do mundo que não foi pensado, senão, surgido através de uma ideia que não se sabe de onde.
Mesmo não sendo genuinamente o pioneiro do invencionismo, saber reproduzir tem sua validez, é satisfatório ver a cidade urbanizada, por exemplo, entender o mecanismo das tubulações, encanações, fiações, os calçamentos, diagnosticar um motor de uma moto, entender como funciona, qual o defeito, diagnosticar uma doença em um bicho, em um ser humano, em um computador, em um instrumento musical, ser perito, especialista em alguma coisa é no mínimo destacável, digno de admiração. E isso é obvio, mas se é esquecido de reparar nas obviedades de um tempo que não para e não descansa. A importância de um chaveiro, uma médica, uma assistente técnica. O conserto, a costura, a medicação, a melodia, a arte, o cultivo da destreza, do conhecimento, da prática, da vivência, da mobilidade, tudo em compartimentos, divididos em tarefas de organizar , reorganizar, agora mesmo tem alguém mexendo na eletricidade, nos desenvolvimentos mecatrônicos , labutando com a terra para estimular a produção, e você no que produz? Em que pode ser útil? É capaz de oferecer afetos, empatias , energias edificantes à outra pessoa? Palavras, gestos e atos são agentes propulsores de bem estar , os deuses lamentam somente os que utilizam a inteligência e o domínio da técnica para o caminho do mal, devido a fatores de pouca demanda , monopólio e ignorância do outro, utilizar o conhecimento para sobressair -se através da prepotência , o furto e a obtenção de vantagens descabidas é deixar – se seduzir pelo poder, mas de antemão, a gratificação do universo vai mesmo para aquele que faz a carruagem andar, com o dinheiro honesto, com a moral em dias, porque é do bem e é gente de boa fé, aos maldosos, espertalhões a atenção redobrada , a vigilância , mas diante de todo esse imbróglio de quem é quem, é meritório uma salva de palmas a quem opera este mundo no miudinho, na humildade , sem trapacear. Estes são fodas, não são muitos, mas são fodas!!!
Por Leonardo Gusmão Dultra