Por Caroline Ribeiro – Segunda, 15 de junho de 2020
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, confirma que o país vai seguir a orientação da União Europeia para a reabertura das fronteiras a países de fora do bloco. A decisão, prevista para o final deste mês, pode barrar voos do Brasil por causa do cenário da pandemia.
Em resposta à Sputnik Brasil durante uma coletiva exclusiva para a imprensa internacional nesta segunda-feira (15), em que focou no bom desempenho de Portugal no combate à pandemia e na segurança que o país oferece para os turistas, António Costa afirmou que aguarda pela definição do bloco.
“A partir do momento em que houver a sinalização de parte da Agência Europeia de Prevenção da Doença, nós cumpriremos as regras comuns relativamente a países terceiros”, disse o primeiro-ministro.
A medida pode ir contra a política adotada até o momento. Portugal mantém o Brasil e outros países de fora da União Europeia que têm grandes comunidades portuguesas em uma lista de exceções, com permissão de voos. “A frequência tem sido baixa, mas tem havido alguns voos neste período do Brasil para cá”, disse Costa.
Segundo o primeiro-ministro, desde o dia 15 de março até agora desembarcaram em Portugal 8.767 pessoas vindas do Brasil. Mesmo com a crise pandêmica no país, Costa avalia que não houve risco para Portugal. “Desse conjunto, 11 pessoas foram dadas como infectadas. O nível de doença proveniente do Brasil é muito baixo”, afirmou.
Restrição Europeia
Nesta segunda-feira (15), alguns membros da União Europeia, como Portugal, Alemanha e França, começaram a reabertura das fronteiras internas. Na semana passada, o bloco divulgou que vai voltar a receber voos dos chamados “países terceiros” a partir do dia 1 de julho. Para fazer a lista de quem entra, a Comissão Europeia vai analisar os cenários epidemiológicos de cada país, o que pode deixar o Brasil de fora no primeiro momento.
Questionado pela Folha de S.Paulo, António Costa defendeu a posição europeia. “O critério relativamente às entradas de países terceiros tem que ser de acordo com bases sanitárias”, disse. “Aquilo que desejamos é que um país irmão como o Brasil rapidamente possa recuperar a sua situação epidemiológica e possa preencher todos os critérios”, completou o premiê.
Os brasileiros são a maior comunidade imigrante em Portugal, com mais de 150 mil residentes, e estão no grupo dos principais turistas que visitam o país. Segundo António Costa, ainda não é possível estimar o impacto nacional que uma possível interrupção dos voos entre os dois países possa ter.
Portugal tem hoje 37.036 casos confirmados da COVID-19 e 1.520 mortes causadas pela doença.