Pós Mandetta

O desgaste político do colapso dos sistemas de saúde cai no colo dos governadores e dos prefeitos. O desgaste político da recessão e do desemprego cai no colo do presidente da República.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 17/03/2020 ONLY FOR USE IN SPAINMARCELLO CASAL/AGENCIA BRAZIL/DP / DPA / MARCELLO CASAL/AGENCIA BRAZIL/DP (EUROPA PRESS)

 


 

PÓS-MANDETTA
Luiz Carlos de Oliveira e Silva


1. O desgaste político do colapso dos sistemas de saúde cai no colo dos governadores e dos prefeitos. O desgaste político da recessão e do desemprego cai no colo do presidente da República.

2. Este é, me parece, o pano-de-fundo da divergência entre, principalmente, Dória e Witzel, de um lado, e Bolsonaro, de outro.

3. A insistência de Bolsonaro em descumprir, ele próprio, a recomendação de “isolamento social” e a ênfase que vem dando, demagogicamente, mais à economia do que à saúde população visam jogar no colo dos governadores o desgaste pela recessão e pelo desemprego. As idas à rua de Bolsonaro visam fazer com que o embate entre eles e os seus adversários ganhe uma dimensão política de massa.

4. Se somarmos a esta manobra o fato de ele aparecer como o pai dos novos programas de transferência de renda aos mais pobres, fica clara a estratégia de tudo ou nada de Bolsonaro para a sua reeleição.

5. Mandetta – apesar do seu passado contra o SUS e a favor da privatização da saúde pública – vinha atrapalhando a estratégia de Bolsonaro. O novo ministro da saúde certamente será um “terraplanista” do “confinamento vertical” e da cloroquina, pondo fim à divisão no Executivo.

6. Caberá agora aos governadores do Rio e de São Paulo, aos presidentes das duas casas do Congresso, à Folha de S. Paulo e ao Grupo Globo – as linhas de frente da oposição a Bolsonaro no momento – responsabilizar o presidente pelas novas mortes pelo Covid-19.

7. Caberá ao presidente, em resposta, dizer que estas mortes eram inevitáveis – “there’s no free lunch” –, e que a economia está demorando a se recuperar por culpa dos seus adversários.

8. É o que se tem chamado de guerra de narrativas, tão falsa quanto uma nota de três reais…

9. A notar, por fim, o nível de irrelevância em que se encontra a oposição a Bolsonaro vindo do campo progressista.

10. Lula, de olho em 2022, anda tão sumido quanto o Queiroz…. Mas, em compensação, nas próximas eleições o PSOL deve “dobrar a sua bancada” e, como na vez passada, irá, certamente, dizer que foi uma grande vitória.

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