REVISITANDO O CONTO: “CINDERELA” SOB UMA ÓTICA FEMINISTA
Por Rodrigo Santana Costa – Sexta,17 de janeiro de 2020
No conto: “Cinderela” é perceptível o quando era importante para a personagem Cinderela ir ao baile no castelo. Afinal essa era a sua chance de ser a escolhida pelo príncipe para ser a esposa e se livrar dos maus tratos da madrasta. Sobre a questão da função do homem nestas narrativas é importante refletir sobre o que a autora Chimamanda Ngozi Adichie no livro: “Para Educar Crianças Feministas” destaca em relação à força desse imaginário nas meninas:
“Uma amiga minha diz que nunca chamará a filha de “Princesa”. Quando as pessoas dizem isso, a intenção é boa, mas “princesa” vem carregado de pressupostos sobre sua fragilidade, sobre o príncipe que virá salvá-la etc”.
Sendo que um pouco mais adiante diz:
“A premissa do cavalheirismo é a fragilidade feminina”.
Outro aspecto importante de ser analisado nesse imaginário do conto: “Cinderela” é que a única alternativa apresentada para a felicidade da personagem: “Cinderela” é o casamento. Por que assim que casasse, ela iria morar com o príncipe no castelo e se libertaria dos maus tratos da madrasta. Sobre essa questão do casamento a autora Chimamanda Ngozi Adichie no livro: “Para Educar Crianças Feministas” diz:
“Você conhece aquela frase igbo usada para repreender as garotas que estão sendo infantis? “O que é isso? Você não sabe que já está na idade de achar marido?” Eu costumava falar muito isso. Mas agora decidi que não falo mais. Falo: “está na idade de achar emprego”. Pois não creio que a gente deva ensinar às meninas que o casamento é algo a que elas devem aspirar”.
É possível notar também que a personagem Cinderela não poderia ir ao baile sem aparentar ser uma princesa, ou seja, ela teve que aparentar ser rica para está de acordo com as expectativas alheias mesmo que fosse apenas uma fachada que duraria só até meia noite. Sobre essa questão da autenticidade a autora Chimamanda Ngozi Adichie no livro: “Para Educar Crianças Feministas” diz:
“Ensine Chizalum a não se preocupar em agradar. A questão dela não é se fazer agradável, a questão é ser ela mesma, em sua plena personalidade, honesta e consciente da igualdade humana das outras pessoas. Lembra quando lhe contei sobre como me irritava que nossa amiga Chioma me dissesse que “as pessoas” não iam “gostar” de algo que eu queria dizer ou fazer? Eu sempre sentia dela uma pressão implícita para que eu mudasse e me encaixasse num molde que agradaria uma entidade amorfa chamada “as pessoas”. Era irritante porque queremos que as pessoas próximas de nós nos incentivem a desenvolver nossa personalidade mais autêntica”.
O príncipe era rico e sendo rico, a Cinderela só precisou ser bela para tê-lo como esposo. Sobre essa questão do valor das pessoas a autora Chimamanda Ngozi Adichie no livro: “Para Educar Crianças Feministas” diz: “Você não deve valorizar as pessoas baseando-se em quem tem dinheiro e quem não tem”.
Infelizmente esse conto é a história que está no imaginário popular de muitas mulheres e homens que um dia foi criança e leram na escola. É importante ressaltar que o Capitalismo quando se infiltra nas relações sociais, como fator determinante para o desejo, destrói a essência da relação. Nós não temos o poder de teleguiar o amor que sai do nosso coração para a pessoa X. Então é claro que há repressão do amor por um alguém quando esse alguém não oferece o conforto que a mulher espera ter durante e depois daquela relação se firmar. Nós estamos com a sociedade empestada de relações frustradas, cheias de mentiras, sustentadas por interesses por que elas foram unidas pelo ter. Aquele amor citado pelos mais talentosos poetas de todas as épocas, está se tornando uma utopia.
Em meu estado de poeta e após profundas análises, afirmo que ainda existem pessoas neste mundo dispostas a ouvir a voz do coração e se entregar a este amor. Os dois são pobres, mas vão construir juntos uma vida melhor com muito estudo, trabalho, afeto e dedicação. Eu dedico este texto a todas as pessoas que fizeram esta escolha para suas vidas.
Encerro aqui deixando umas das maiores indagações pensada por uma criança. O neto do escritor Rubem Alves perguntou: “Se ao dar meia noite tudo o que a Cinderela estava usando perderia o encanto e voltaria ao normal por que o sapatinho de cristal não virou um tamanco?
EU SOU Rodrigo Santana Costa e a minha missão é o esclarecimento.