Nada castra a palavra
Remoçando o infinito
Costurando a ausência
Modelando o rosto da paisagem.
A palavra delimita o jogo
Nomeia o inexistente, o invisível
Faz contornos, materializações
Engenha a realidade
Canta o incômodo, o desconforto, o desagradável.
O caos
Do
Rio fluente do emaranhado
Desemboca o excesso –
O peso do caber .
O caber já basta
Basta para criar a impaciência.
Ter cabimento diante a penumbra da prisão
É suportar o real
” nós temos uma enorme capacidade de sentir
E uma mínima capacidade de suportar o que sentimos ”
E o afeto exige expressão
Um manifesto!
E o pensamento necessita se iludir
Não substituir a realidade pela fantasia
E sim dá espaço à arte
Arte assume que mente.
A arte assume suas inverdades
A invenção busca saber quem se é
E o pensamento revoluciona, traz o novo, ao menos busca. O pensamento inventivo tem o dom das recriações através de nossos óculos.
Dentro de vazios , as inocuidades do tempo / em crises/ em ócios
Estimulam nomeações, palavras de ordens, alinhamentos , disciplina. Um choque de realidade imprime a súplica, a história épica, mitológica, romântica.
Uma palavra em negrito
Que liberte, que traga paz, desacorrentamento.
Palavras que desafiem a razão
Palavras impetuosas
Apregoadas nas paredes auriculares
Entranhadas da alma ouvinte e humilde
Cravando , ministrando novos caminhos. Um sobrevivente grita por dentro: eu estou aqui!
Chamadas
Palavras sagradas
Desenvolvendo o inverso do que se pensava antes.
Antes emaranhava – se de rios, cachoeiras, pássaros, preenchia demais a mente de coisas .
A ideia é : limpar a prateleira, diminuir cada vez mais as tais coisas
Para tudo caber, desnecessita compor imagens, necessita mesmo é de um diálogo profundo com o que não se vê. Mas sente profundissimamente lá dentro do coração.
E esse encontro exige ensimesmar – se.
E o diálogo ficou mais didático do que poético.
[ mas essa é a mensagem ]
Esvaziar – se não é tornar -se vazio: é prender – se primeiramente a um pensamento e desse pensamento expandir através daquela verdade, porque a verdade traz constância e estabilidade assegura a paz.
Não adianta ser múltiplo, duplo, vasto, sem antes saber pisar firme na superfície de que se anda. Esquecer a autoimagem de que dá conta de tudo, porque ninguém dá.
Fadado ao desconexo, ao estado aéreo todo aquele que embaralha o pensamento e quem não se organiza.
Para poetizar é necessário a razão matemática dos trilhos bem definidos, para quando o trem descarrilar, não ficar à deriva, à mercê do próprio inferno causado pela inconsequência dos atos impensáveis , estar lúcido é uma tarefa que exige cautela, autocrítica, ciente sempre do carma, a tranquilidade é imperiosa na confiabilidade designada a respostas do tempo, entregue nas mãos de uma força suprema que move o universo e é infinitamente maior que nós, resta a calma e o espírito apto ao recomeço sempre.
Seguir viagem.
Leonardo