Sérgio Camargo publica artigos que citam Zumbi como gay e figura da esquerda
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, órgão ligado à Secretaria de Cultura do governo federal, publicou nesta quarta-feira (13), data da Abolição da Escravatura, dois artigos sobre Zumbi dos Palmares que o descrevem como gay, figura da esquerda e ficcional.
No texto intitulado, “A Narrativa Mítica de Zumbi dos Palmares”, da doutora em linguística Mayalu Felix, consta que “depois de degolado, Zumbi foi castrado e teve o pênis enfiado dentro da boca”, como uma “forma antiga de humilhar homossexuais”. Para o fato, segundo ela, “o Movimento Negro faz silêncio sepulcral, pois é conveniente que o mito etnocultural do libertador dos negros seja viril”, citando o artigo “Causas Sagradas”, de Olavo de Carvalho.
Ao longo do texto de sete páginas, a palavra “esquerda” é citada nove vezes. Em um dos trechos, Maylu afirma que “o Movimento Negro precisava de uma figura para representar o ‘povo negro’, essa massa vista como homogênea, uniforme, que deveria ser politicamente configurada à esquerda”.
Em outro trecho diz que Zumbi “foi o mito moderno moldado pela conveniência política da necessidade da esquerda, dona do Movimento Negro”. E em outra passagem afirma que “apesar de não ter nenhuma comprovação histórica real, a narrativa é respeitada entre a esquerda e o Movimento Negro como fidedigna” e que “não passa de ficção”.
No artigo “Zumbi e a Consciência Negra – Existem de verdade?” de Luiz Gustavo dos Santos Chrispino, também disponibilizado no site, há um trecho o qual cita Zumbi como ícone do Movimento Negro “montado” e “introduzido” como tal, graças a deputada federal Benedita da Silva, do PT, ao colocá-lo como “figura no Panteão de Heróis do Brasil”.
Para o autor, o fato de Zumbi ser “representante da suposta Consciência Negra” “pode ser refutado veementemente”. Ele justifica a explicação em “estudos mais atuais” que, segundo ele, Zumbi “é colocado como o assassino ou mandante do assassinato do líder palmarino Ganga Zumba, bem como um dos incentivadores do processo,natural de sua etnia africana, de manter seus inimigos escravizados para conter possíveis levantes destes contra a tribo escravista”. Ao término do parágrafo, Luiz conclui que há distorção sobre o que é ser herói.
A introdução de tais artigos no site da fundação Palmares pode não parecer surpresa, visto que o próprio Sérgio Camargo que é “olavista”, se autointitula nas redes sociais como “negro de direita, antivitimista e inimigo do politicamente correto”. No Twitter, ao repercutir a divulgação de tais artigos, ele afirmou que “Zumbi não é um herói autêntico” e sim “uma construção ideológica da esquerda”, esquerda está classificada por ele como “racialista”.