Te perdoo por te trair

É com essa frase acima que o compositor Chico Buarque de Holanda encerra a canção: “Mil Perdões”.

 

É com essa frase acima que o compositor Chico Buarque de Holanda encerra a canção: “Mil Perdões”. Sendo que na minha impressão de leitura esse trecho retrata um aspecto ainda muito forte da cultura machista que é o fato de nós termos dificuldade de repensar sobre os nossos privilégios para melhorar os nossos relacionamentos. Isso ocorre por que a equação de valor diferenciado  que existe na sociedade faz com que a possibilidade de transferência de subjetividade para o outro, não aconteça ainda como se prega por meio das ideias de que “somos todos humanos/ somos iguais/ somos todos filhos de Deus”, pois na prática teríamos que repensar estes privilégios que temos ao nascermos homens.

Uma questão que devemos refletir é a maneira como lidamos com a palavra privilégio no âmbito social. Ela tem uma conotação positiva de algo que eu tenho para usufruir, de algo que é vantajoso de se ter. Perceba que nós não somos educados a pensar que o nosso privilégio pode ferir alguém ou pode sobrecarregar alguém quando o assunto são aquelas divisões de tarefas em aquilo é homem que faz e aquilo outro é mulher que faz.

Algo também que vale a reflexão é o sucateamento da educação pública e uma ideia capitalista de que só se precisa se movimentar para ganhar dinheiro. Sendo que estudar o que é problematizado pelo movimento feminista não te fará rico, mas poderá te tornar um homem melhor para se envolver. Ainda que exista esse descaso com a busca do saber para diminuir a nossa ignorância, existem muitos homens que já se propuseram a mudar as suas atitudes com relação a muitos destes aspectos. E isso é o que nos faz sair da ideia de que seja utópico querer uma sociedade onde o respeito se faça mais presente que a fatídica agressão dos nossos atos.

Até o rapper Mano Brown que é uma referência no Rap Brasileiro se posicionou como alguém que age como age em relação às mulheres por que ele é um produto da sociedade. Esse conceito é ultrapassado quando nos movemos para sermos produtores da nossa realidade e transformá-la, pois Mano Brown que era tido por muitos como uma representatividade totalmente positiva nas suas posturas mostradas ao público. Quando a sua esposa Eliane Dias revelou o quanto este era machista, muitos perceberam que nem tudo são flores na história do rapper Mano Brown.

 

Ipira City -Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” em verso e prosa.      

 

 

 

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