Trump ameaça mandar o Exército às ruas: “São atos de terrorismo doméstico”

Em uma mensagem à nação, o presidente dos EUA garante que recorrerá às forças armadas se os governadores, a quem ele acusou de serem “fracos”, não acabarem com a violência

© REUTERS / Alexander Drago

DISTÚRBIOS EM MINNEAPOLIS

Em uma mensagem à nação, o presidente dos EUA garante que recorrerá às forças armadas se os governadores, a quem ele acusou de serem “fracos”, não acabarem com a violência


PABLO GUIMÓN

Washington – 01 JUN 2020 – 19:26 EDT
 

 
 

“Estes não são atos de protesto pacífico, são atos de terrorismo doméstico”, disse o presidente Donald Trump nesta segunda-feira, em mensagem ao país da Casa Branca, minutos antes do toque de recolher em vigor na capital dos Estados Unidos, antes de uma nova noite de protestos em todo o país em rejeição da morte em Minneapolis do afro-americano George Floyd nas mãos da polícia, que duas autópsias descreveram nesta segunda-feira como homicídio. Se os governadores dos Estados não acabarem com a violência, ele alertou, ele usará o Exército “para resolver o problema para eles”.

“Mobilizo todos os recursos federais disponíveis, civis e militares”, anunciou no Jardim das Rosas da Casa Branca. Em sua primeira mensagem ao país desde que os protestos contra a violência racial tomaram conta do país, o presidente disse que está preparando uma demonstração de força que “dominará as ruas” até que “a violência seja reprimida”. Enquanto a polícia jogava gás lacrimogêneo nas centenas de manifestantes reunidos do lado de fora da Casa Branca, advertiu que se valeria do Exército para acabar com a “rebelião”.

“Sou seu presidente de lei e ordem”, disse Trump aos americanos. E acusou de orquestrar os tumultos “anarquistas profissionais”, “hordas violentas” e, novamente, o movimento Antifa, uma rede difusa de grupos de militância antifascistas, que neste fim de semana o presidente ameaçou designar como organização terrorista.

Na cidade de Washington, o único território em que ele pode fazê-lo sem consultar primeiro os governadores do estado, o presidente ordenou o envio de um batalhão da polícia militar, segundo o Departamento de Defesa. É uma unidade de entre 200 e 500 soldados de Fort Bragg, na Carolina do Norte. Em Minnesota, o epicentro dos protestos, e em outros estados, os governadores recusaram a oferta do presidente e decidiram recorrer às suas próprias tropas da Guarda Nacional.

Depois de Trump concluir o discurso, sem aceitar perguntas de jornalistas, a polícia dispersou manifestantes do lado de fora da Casa Branca com equipamento anti-motim para que o presidente pudesse visitar, juntamente com sua filha Ivanka e outros conselheiros, a igreja vizinha de St John, onde um incêndio começou no domingo à noite. Em alguns minutos eles voltaram para a residência. Trump alertou que o toque de recolher na cidade, antecipado nesta segunda-feira para as sete da tarde, será cumprido com força.

Em um país em chamas por causa dos protestos raciais que já se estendem por seis noites, em umas trinta cidades, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém mão de ferro e, nesta segunda-feira, exortou os governadores dos Estados, que chamou de “fracos”, a usarem a força para recuperar o controle das ruas. “Vocês têm que dominar. Se vocês não dominam, estão perdendo tempo. Vão passar por cima de vocês, vocês vão ficar parecendo um punhado de imbecis”, disse Trump aos governadores durante uma teleconferência pela manhã na Sala de Emergências da Casa Branca, segundo um áudio da reunião obtido pela CBS.

“Vocês têm que prender as pessoas e processá-las, e elas têm que ser mandadas para a prisão por longos períodos”, acrescentou. “Estamos fazendo isso em Washington DC. Vamos fazer algo que as pessoas nunca viram antes.” O presidente chamou os agitadores de “escória” e disse que Minnesota, epicentro dos protestos após a morte do afro-americano George Floyd, nas mãos da polícia, se tornou “motivo de piada no mundo inteiro”.

Além dos governadores, participaram da teleconferência, comandantes da policia e a equipe de Segurança Nacional. Estava presente também o procurador-geral William Barr, que há meses vem assumindo o papel de executor da agenda mais linha-dura do presidente. Barr informou aos governadores, de acordo com a Associated Press, que uma equipe de agentes antiterroristas será enviada para localizar os agitadores.

“Vocês têm que ser mais duros”, disse-lhes Trump. Ele os pressionou a mobilizar a Guarda Nacional, à qual atribuiu a melhora na situação no domingo à noite na cidade de Minneapolis, onde começaram os protestos pela morte de Floyd. O presidente defendeu que cidades como Nova York, Los Angeles e Filadélfia, onde episódios violentos foram registrados no domingo, deveriam seguir o exemplo.

Já no sábado, antes de viajar para a Flórida para testemunhar o lançamento do foguete da empresa SpaceX rumo à Estação Espacial Internacional, o presidente pressionou os governadores dos Estados Unidos. “Têm que ser mais duros e, sendo mais duros, honrarão a memória dele”, disse ele, referindo-se a Floyd. No Twitter, Trump vem acusando a extrema esquerda pelos distúrbios. “São os antifascistas e a extrema esquerda. Não ponham a culpa nos outros!”, disse.

No domingo à noite, sexto dia de protestos contra o racismo nas forças de segurança, pelo menos 25 grandes cidades do país decretaram o toque de recolher diante da crescente intensidade dos distúrbios. Imagens como as de uma igreja histórica em chamas na frente da Casa Branca ou do Exército patrulhando as ruas de Santa Mônica serviram como símbolos de que o protesto ainda está longe de diminuir.


 


 

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