USP testa moléculas com potencial de interromper ciclo do novo coronavírus

Esperança é encontrar molécula que iniba enzima do vírus para evitar que ele complete formação de RNA, processo fundamental em sua multiplicação

As moléculas que serão testadas já são estudadas há anos pelo Grupo de Química Medicinal e Biológica do IQSC, mas para o combate à doença de Chagas – Foto: Henrique Fontes/IQSC

Esperança é encontrar molécula que iniba enzima do vírus para evitar que ele complete formação de RNA, processo fundamental em sua multiplicação


 
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Cerca de 500 moléculas desenvolvidas no Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP serão testadas contra o novo coronavírus a partir deste mês, em São Paulo, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade, onde o SARS-CoV-2 está cultivado em laboratório. A hipótese que será colocada à prova pelos cientistas do IQSC é a de que essas moléculas são capazes de interromper o ciclo biológico do novo coronavírus inibindo uma de suas enzimas: a Mpro. Se isso ocorrer, será possível evitar que o vírus complete a formação de RNA, processo fundamental para sua multiplicação pelo organismo.

As moléculas enviadas à capital paulista são estudadas há anos pelo Grupo de Química Medicinal e Biológica (Nequimed) do instituto, mas para o combate de outra enfermidade, a doença de Chagas. Neste caso, as substâncias utilizadas pelos pesquisadores têm apresentado resultados promissores para inibir a bioatividade da cruzaína, enzima responsável por manter ativo no corpo humano o Trypanosoma cruzi, parasito causador da doença. A cruzaína, segundo os cientistas, possui semelhanças estruturais com a Mpro.

A proposta de testar moléculas criadas no IQSC contra o novo coronavírus gerou um projeto de pesquisa que acaba de ser contemplado com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do edital “Suplementos de Rápida Implementação contra covid-19”. No trabalho, os cientistas também vão se dedicar ao aprimoramento e síntese de moléculas com potencial para anular a ação de enzimas essenciais para o ciclo biológico do novo coronavírus. Utilizando técnicas de inteligência artificial e aprendizado de máquinas, os pesquisadores pretendem ainda estudar medicamentos já conhecidos ou que estejam em fase experimental a fim de identificar os mais interessantes de serem testados contra o SARS-CoV-2.

Testagem em massa

No último dia 30 de março, uma força-tarefa coordenada pelo ICB começou a realizar testes in vitro com milhares de fármacos e substâncias contra o novo coronavírus que está cultivado em laboratório. Nesse tipo de teste, células infectadas pelo SARS-CoV-2 são colocadas em placas de ensaio e cada uma delas recebe a ação de diferentes compostos.

As análises são feitas de modo automatizado com o uso da tecnologia de triagem de alto conteúdo, que permite analisar, simultaneamente, dezenas de milhares de fármacos todas as semanas. Estima-se que em cinco semanas os cientistas já terão os resultados dos testes realizados com 2.500 compostos, e a partir desse momento será possível testar até 4 mil substâncias semanalmente.

A iniciativa se destaca pela participação de diversos especialistas em diferentes áreas de conhecimento que estão trabalhando juntos para a descoberta de antivirais para a covid-19. Além de cientistas do IQSC e do ICB, o trabalho conta com a atuação de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pela iniciativa privada, a Eurofarma também colabora com os estudos e cedeu ao ICB sua biblioteca com cerca de 1.500 fármacos.

Da Assessoria do IQSC, com informações de Jornal da USP e da Agência Fapesp
 
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