Você é o Batman?
Por Léo Araújo – Quinta, 18 de junho de 2020
Com toda a certeza você conhece um dos heróis mais populares que temos: Batman. O homem morcego, o cavaleiro das trevas, bom se você não conhece o Batman vou fazer para você um pequeno resumo.
O nome verdadeiro do herói é Bruce Wayne, quando tinha oito anos de idade ele viu os pais serem assassinados na sua frente. Após esse acontecimento, ele acaba sendo criado por seu tutor, Alfred, que também é o mordomo da família. Os anos se passaram e Bruce resolve dedicar sua vida a combater o crime. Aos 14 anos, ele viajou pelo mundo, frequentando 8 universidades e, visitando o Oriente para treinar artes maciais. Nesse período, ele também aprendeu técnicas de cura, caça e infiltração. Já com 26 anos, ele retorna a Gotham, e assume a identidade de Batman, ele não tem nenhum super poder, mas se você considera ser bilionário como um super poder, bom, então esse é o poder dele.
Quando o Batman se prepara para uma batalha ele estuda bastante o seu oponente para explorar as suas fraquezas, então podemos dizer que o Batman bem preparado para uma luta é praticamente invencível. Mas como todo herói, o Batman não é invencível e o cara que explora bastante as fraquezas dos seus adversários, também tem fraquezas e, uma delas é justamente o trauma de ter visto os pais sendo assassinados na sua frente e vilões como o Coringa sabe disso e já usou isso contra o morcegão, todas as vezes que se toca no assunto da morte dos pais, o Batman se descontrola e perde a concentração, e sabe porque isso acontece? Simples: O Batman não consegue lidar com esse trauma do passado, podemos dizer que Bruce Wayne não trabalhou de forma adequada essa questão emocional.
E aqui eu começo a minha reflexão com você com uma pergunta: Você é o Batman? Mais algumas perguntas: Você tem trabalhado bem os seus traumas? Está sabendo lidar com os seus traumas? Ou assim como o nosso herói você sucumbe aos seus traumas toda vez que você é exposto a ele?
Antes de tudo é preciso entender o que é um trauma. Traumas são situações, eventos, e experiências que uma pessoa vivenciou e despertaram nela sensações negativas. Os momentos vivenciados durante a situação traumática deixam registradas emoções que muitas vezes provocam lembranças desconfortáveis, desagradáveis e dolorosas, esse conjunto de fatores que o cérebro registra é chamado de “memória traumática” e envolve elementos como sentimentos, sensações, imagens e em muitos casos sons que estão relacionadas a experiência.
Quando um trauma é revivido, vários sintomas físicos e emocionais são desencadeados, tais como: tremores, alterações do batimento cardíaco, sudorese, queda da pressão arterial, confusão mental, dificuldade de concentração, pensamentos negativos e catastróficos, paranoia, dificuldade para tomar decisões, aliado a isso outros sintomas de ordem emocional podem também surgir como por exemplo ansiedade, pânico, desespero, apreensão, desamparo, culpa, tristeza, raiva, irritabilidade.
Se você meu caro leitor se identifica com tudo isso, tenho duas notícias para você: A primeira é que você pode passar a conviver melhor com seus traumas e a segunda e mais importante notícia é que para isso acontecer depende apenas de você. Mas como posso fazer isso?
Primeiro converse com você mesmo, quem passa por um trauma geralmente não se sente à vontade de conversar com ninguém, muitas vezes por medo da reação das pessoas o que por si só se torna um empecilho, então não minta para você, não fuga dos seus pensamentos é essencial começar um diálogo interno. Evite se auto vitimizar, ninguém merece passar por um trauma não é verdade? Mas infelizmente algumas vezes passamos por um e ai surge um sentimento de injustiça onde dizemos que não deveríamos passar por uma dor tão grande, é aí que você precisa fazer um esforço para que esse sentimento não domine você e seus pensamentos, encare seu trauma de frente, foi uma situação alheia a sua vontade, mas que precisa ser enfrentada.
Trabalhe sua autoconfiança, lembre de pontos positivos, de suas qualidades e procure nas suas características mais intrínsecas mecanismos para reagir, uma autoconfiança forte ajuda a superar a dor. Fugir dos seus sentimentos não é o caminho, entenda seus sentimentos e procure trazer aprendizados para sua vida, portanto aprenda com a dor. Nada disso do que foi dito aqui dará certo se você não romper a barreira do silêncio, não expressar os seus sentimentos de como o trauma afetou você e sua vida, falar da dor do trauma é muito importante, mas é importante também respeitar seu tempo, mas leia bem o que vou dizer a você: NÃO CAIA NA TENTAÇÃO DE VARRER O SEU TRAUMA PARA DEBAIXO DO TAPETE COMO SE ISSO FOSSE UMA SUJEIRA DO PASSADO.
Se tudo isso é muita coisa para você e você percebe que não dará conta, não tenha medo e não tenha vergonha de procurar ajuda especializada de um Psicólogo, se tem um profissional que vai te ajudar a lidar com tudo é o Psicólogo, como eu sempre digo fazer terapia é fazer a sua prevenção a sua saúde mental, é se libertar das amarras das dores emocionais, é transformar-se, é descobrir uma nova pessoa todos os dias da sua vida.
Depois de tudo isso que você leu, eu termino fazendo novamente a mesma pergunta: E aí VOCÊ É O BATMAN?
Léo Araújo, psicólogo clinico com especialidade em Terapia Cognitiva Comportamental.
